sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Repercussão da ocupação do Incra em Altamira

No site do jornal O Impacto (impacto.com.br)

Superintendente do INCRA vira refém em Altamira

Francisco Carneiro ficou por mais de 20 horas refém dos agricultores

Nem bem assumiu o cargo de superintendente do Incra na região, o engenheiro agrônomo Francisco Carneiro se vê em meio a uma situação de caos, reflexo do barril de pólvora em que se tornou o órgão, que se propõe a resolver conflitos de terra, mas na verdade, até agora só fez empurrar com a barriga uma situação que a cada dia se agrava cada vez mais. Prova disso foi a atitude radical que tomaram cerca de três mil agricultores nas dependências internas do prédio do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Altamira. Segundo informações que chegaram à nossa redação, até por volta das 21h30 de quarta-feira, Joannes Eck, representante da Casa Civil da Presidência da República; Paulo Guilherme, do Ministério do Meio Ambiente; Francisco Carneiro, superintendente do Incra em Santarém; além dos deputados estaduais Airton Faleiro e Valdir Ganzer, estavam como reféns dentro da sede do Incra naquele Município. Os manifestantes ameaçavam desocupar o prédio e liberar os reféns somente quando desembarcarem em Altamira autoridades com poder de decisão sobre as reivindicações da categoria.

Aliás, que no ano passado aconteceu a mesma coisa na sede do Incra em Santarém, quando centenas de colonos tomaram o prédio, com intenção de somente desocupar o imóvel federal quando mantivessem entendimentos com membros do Incra vindos de Brasília. Na oportunidade, foi marcada uma data para que este entendimento acontecesse, mas aos colonos que invadiram e tomaram conta do prédio em Santarém restou apenas a promessa de dias melhores, nada mais.

Segundo a grande imprensa da região, o protesto dos agricultores começou na segunda-feira, com o fechamento da rodovia BR-230, a Transamazônica. A estrada ficou fechada por mais de 30 horas no sentido Altamira – Marabá e Altamira – Vitória do Xingu, paralisando as obras de construção da hidrelétrica.

A Secretaria-Geral da Presidência da República, por intermédio do próprio ministro Gilberto Carvalho, fez os primeiros contatos com a equipe de negociação. Existe a possibilidade de uma reunião interministerial em Brasília na próxima semana, com presença dos ministros do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence e do Meio Ambiente, além do presidente nacional do Incra, Celso Lacerda, e demais ministérios que contemplem a pauta.

João Batista Uchoa, uma das lideranças do movimento, que se encontrava no prédio do Incra, disse que a proposta está sendo analisada pela coordenação e será submetida em assembléia aos acampados. Os representantes do governo federal desembarcaram por volta das 9h da manhã de ontem em Altamira para a primeira mesa de negociação, que tratou exclusivamente do Programa Luz para Todos. Apesar das garantias estabelecidas de que o programa na região será retomado ainda esse ano, e que ao longo de 18 meses, cerca de 20 mil famílias serão contempladas com energia elétrica em 10 municípios na área de influência da hidrelétrica de Belo Monte, os agricultores consideraram que as negociações não avançaram. Primeira das batatas quentes, entre muitas que serão colocadas nos braços do novo Superintendente. E pior que o motivo das reivindicações é sempre o mesmo, pedem infra-estrutura, principalmente estradas e melhor qualidade de vida nos assentamentos. Mas como nem sempre são atendidos, agem de maneira extrema.

Os colonos resolveram libertar os reféns, ontem, assim que foi feita a negociação que previu que na próxima terça-feira haverá uma reunião em Brasília com os colonos e autoridades federais para dar solução ao problema. “Caso contrário, vão fazer nova mobilização, desta vez de maneira mais radical, sem prazo para seu final”, disse o deputado Airton Faleiro.

Deputado justifica a invasão – O deputado estadual Airton Faleiro (PT-PA) esteve na manhã de ontem na redação do jornal O Impacto, assim que foi libertado pelos colonos, junto com o superintendente do Incra e demais autoridades que estavam reféns. Segundo ele, mesmo sendo petista, tem por direito estar do lado dos colonos, pois de nada adianta o governo Federal investir na Hidrelétrica de Belo Monte se não forem feitos benefícios sociais para os colonos que vivem na área. “Mesmo sendo petista, tenho que saber de que lado tenho que dar meu apoio. Nesse caso, é para os colonos que representam minhas origens”, justificou o parlamentar.

Por: Carlos Cruz


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