Fazendeiro e mais dois vão a júri por execução |
Nove anos após o crime, o fazendeiro Alexandre Manoel Trevisan, o "Maneco", Márcio Antonio Sator, o "Márcio Cascavel", e Juvenal Oliveira da Rocha, o "Parazinho", serão submetidos hoje a júri popular presidido pelo juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Belém. Os três réus são acusados de executar, após sessão de tortura, o sindicalista Bartolomeu Moraes da Silva, mais conhecido como "Brasília", aos 44 anos, na madrugada de 23 de julho de 2002, na localidade de Castelo dos Sonhos, em Altamira.
A sessão está marcada para começar às 8h no plenário "Desembargador Elzaman Bittencourt", no Fórum Criminal da Capital, na Cidade Velha. Na acusação atuará o promotor de justiça Mário Brasil e, na defesa dos acusados, os advogados Marilda Cantal, Jorge Tangerino e Jânio Siqueira. Este é o segundo júri dos acusados de matar o sindicalista, que atuava como delegado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Altamira. Antes de ser executado, Brasília teve braços e pernas decepados e recebeu vários tiros na nuca e na cabeça.
No primeiro julgamento, realizado em 19 de junho de 2009, o Conselho de Sentença do 2º Tribunal do Júri de Belém rejeitou a acusação por maioria de votos, não reconhecendo os três acusados como responsáveis pelo crime. Houve recurso de apelação, que resultou na anulação do julgamento. Meses antes de ser morto, o sindicalista denunciou as ameaças anônimas de morte, afirmando que, se alguma coisa lhe acontecesse, os responsáveis seriam fazendeiros e madeireiros da região de Altamira.
Segundo o deputado estadual Aírton Faleiro, Brasília foi uma liderança que continua sendo admirada pelos segmentos sociais de Castelo dos Sonhos, distante 700 km de Altamira. O parlamentar afirma que o sindicalista foi vítima fatal da "banda podre do latifúndio e do crime organizado rural. E é essa banda podre que vai a julgamento amanhã (hoje). A Assembleia Legislativa precisa acompanhar atentamente este julgamento e cobrar uma punição rigorosa dos acusados de assassinar o sindicalista", afirmou o deputado, que informou que acompanhará o julgamento.
Segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará (Fetagri), Brasília vinha denunciando a ação de fazendeiros da região que tentavam evitar o assentamento de famílias de agricultores em terras da União. Na madrugada do dia 22 de julho de 2002, o sindicalista recebeu um telefonema, em que alguém disse para ele ir para um hotel em Castelo dos Sonhos, de onde foi sequestrado. E, após ser torturado, foi morto com 12 tiros na cabeça. Ocorpo foi encontrado por posseiros, às margens da rodovia Santarém-Cuiabá. A Polícia prendeu três suspeitos, mas o fazendeiro, acusado de ser o mandante, nega o envolvimento na morte.
A Fetagri, que está convocando todos os trabalhadores rurais para um ato em frente ao prédio onde haverá o Tribunal do Júri na praça, na Felipe Patroni, na manhã de hoje, informa que pedirá a prisão de todos os envolvidos no assassinato do sindicalista. A Comissão Pastoral da Terra diz que, no Pará, houve 20 assassinatos no campo em 2002, ano em que Brasília foi executado, informa o blog do Jornal da Resistência.
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