JORNAL O DIÁRIO DO PARÁ
Ananindeua se prepara para plebiscito
Os que compareceram ontem à audiência pública organizada pela Câmara Municipal de Ananindeua sobre a divisão do Pará puderam ter um vislumbre da campanha que virá por aí até o plebiscito. Um debate acalorado, recrudescido por um sentimento de bairrismo vindo de ambos os lados.
A audiência proposta pela vereadora Leila Freire, trouxe para o debate o diretor do núcleo de meio ambiente da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilberto Rocha, o Presidente do Conselho Regional de Economia do Pará, Eduardo Costa, além de representantes dos grupos contra e a favor da criação dos Estados do Carajás e Tapajós. Ainda participou do evento o presidente da Câmara Municipal de Ananindeua, Ray Tavares.
“Como estamos adentrando no período de propagandas, queremos contribuir para o debate, fornecendo informações para o público”, diz a vereadora Leia Freire. O impacto econômico da divisão foi um dos principais pontos levantados durante o encontro. O principal argumento é que a criação de novos estados resultaria em maior desenvolvimento para regiões “abandonadas” pelo governo do Pará, segundo os defensores da divisão.
“Existe um ditado popular: ‘Quem não é visto, não é lembrado’. Pela distância da região do oeste do Pará em relação à capital, nós não temos poder de pressão política. Assim, somos esquecidos para o repasse de recursos”, afirma o deputado estadual Airton Faleiro, representante da Frente Parlamentar Pró-Tapajós.
Já os contrários ao movimento dizem que a divisão criaria uma distorção política, já que, constitucionalmente, cada Estado tem direito a ter três senadores e oito deputados federais. “É uma jogada política, eles estão interessados nos cargos que serão criados. Sem contar como seria oneroso para a União a criação de novos Estados”, argumenta o vereador Luiz Pereira, vice-presidente da Comissão Contra a Criação do Estado de Tapajós.
O diretor do núcleo de meio ambiente da UFPA, Gilberto Rocha, atenta que com a partilha, os novos estados poderão ter problemas de gestão. “Economicamente não é um bom negócio, nem para os que querem se separar. Para ter uma ideia, cerca de 70% do Tapajós são áreas protegidas federais e estaduais. Não adianta pensar em dividir se não há como gerir”, afirma.
Para quem assistiu ao debate, a discussão ainda deve ir mais longe. “Vim aqui mais para conseguir argumentos para o vestibular, já que este tema vai ser forte esse ano. Mas os políticos ainda não conseguiram me convencer. Minha dúvida é: se o problema [do Pará] é político, será que criar mais cargos é o melhor?”, questionou uma das estudantes que compunham a plateia.
PLEBISCITO
A propaganda em emissoras de rádio e TV locais começará em outubro. Já o plebiscito sobre o assunto acontece no dia 11 de dezembro. Os eleitores do Pará deverão responder se aceitam a criação do Estado de Carajás e se são a favor da criação de Tapajós. (Diário do Pará)
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