sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Morte do indio munduruku: Vou requerer comissão parlamentar externa para acompanhar esse caso
Tenho observado a forma cautelosa que todos os segmentos populares e institucionais vem se posicionando sobre conflito e a morte do indio munduruku Adenilson Crixi Munduruku no confronto com a PF, no último dia 7 em Jacareacanga, divisa Pará com Mato Grosso.
Certamente se fosse uma outra policia que tivesse assassinado o indio essa cautela não existiria, pelo contrário, as posições e cobranças seriam energicas e diretas.
Sei que isso se deve em primera mão, à respeitabilidade que esta instituição (PF) possui. Mas também penso que essa cautela pode estar sendo motivada pelo receio (medo) de enfrentamento com uma instituição tão poderosa como é o caso da PF.
Não quero ser precipitado, leviano, mas na condição de parlamentar do estado do Pará e muito bem votado nas duas últimas eleições pelos indios munduruku e população de Jacareacanga, me sinto na obrigação de, em primeiro lugar me solidarizar com a nação munduruku pelo episódio e em segundo exigir que seja apurado e punido com rigor, se for o caso, os policiais federais e seus comandantes que numa luta desigual (eles fortemente armados com armas modernas) cometeram este assassinato. Bem como a apuração e punição de pessoas ligadas a extração ilegal do ouro em terras indigenas.
Na próxima sessão tomarei como iniciativa na Alepa a apresentação de requerimento criando comissão parlamentar externa para acompanhar este caso e ao mesmo tempo acompnhar o processo de regularização dos garimpos da região do tapajós e seus afluentes por entender que a solução dos conflitos passa pela regularização da atividade minerária e não apenas com ações fiscalizadoras, punitivas e represssivas.
Para quem não conhece é bom que se saiba que temos em torno de 60 mil homens trabalhando, na maioria dos casos, de forma artesanal, nos garimpos da região do tapajós e seus afluentes que tiram dessa atividade o sustento de suas famílias que residem nas vilas do entorno destes garimpos.
Abaixo Manifesto do CIMI
Manifesto em solidariedade aos índios Munduruku da aldeia Teles Pires
O conflito ocorrido nesta quarta-feira, 7, envolvendo índios Munduruku da Aldeia Teles Pires, fronteira entre Pará e Maranhão, e a Polícia Federal do Brasil, é mais um capítulo de uma novela pautada pelo descaso, violência e destruição das terras e dos povos indígenas. Saldo até agora conhecido: vários índios gravemente feridos; crianças, idosos e mulheres ameaçados e humilhados pelos agentes federais; e um Munduruku assassinado com quatro tiros no peito e um na cabeça.
No final do século XV, antes mesmo da chegada dos portugueses, os espanhóis já haviam tocado a foz do rio Amazonas, levando ao partir algumas dezenas de indígenas para serem vendidos como escravos na Europa.
No final do século XVI, ingleses e holandeses também passaram a convergir sobre esta região com o objetivo de explorar seus recursos naturais. Como inicialmente não foi encontrado ouro ou prata, partiu-se para a exploração dos recursos vegetais, bem como captura dos indígenas para trabalharem como escravos.
500 anos se passaram desde a chegada européia a pindorama, mas o confronto de ontem repete o que ocorria no inicio da invasão. Índio (Munduruku) com flecha defendendo o seu território, e branco (Policial federal) com arma de fogo abatendo quem encontrava pelo caminho.
Por trás de toda esta situação estão os interesses de empresários, ávidos pelos recursos minerais em terras indígenas; latifundiários do agronegócio; empreiteiras construtoras de mega-hidrelétricas nos rios Teles Pires, Xingu e Madeira (o Tapajós é a bola da vez), entre outros. O governo brasileiro dá sustentação ao projeto do capital para a natureza, projeto de exaustão das riquezas naturais da Amazônia, e do mundo.
Por tudo isso, responsabilizamos o governo pelo ocorrido na aldeia Teles Pires. Exigimos que os fatos sejam apurados e os culpados pelos ataques e assassinato do índio Munduruku sejam criminalmente penalizados. Por fim, reiteramos nossa denuncia contra o projeto do governo do Brasil. Projeto de destruição da floresta, dos rios e da vida na Amazônia.
Belém, 08 de novembro de 2012
Assinam este manifesto:
Associação Indígena Tembé de Santa Maria do Pará (AITESAMPA)
Comissão Pastora da Terra (CPT/PA)
Comitê Dorothy
Companhia Papo Show
Juntos! Coletivo de Juventude
Central Sindical e Popular CONLUTAS
Diretório Central dos Estudantes da UFPA
Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC)
Diretório Central dos Estudantes da UNAMA
Instituto Universidade Popular (UNIPOP)
Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense (FMAP)
Fundação Tocaia (FunTocaia)
Conselho Indigenista Missionário Regional Norte II (CIMI)
Fórum da Amazônia Oriental (FAOR)
TÔ!Coletivo
Fórum Social Pan-amazônico (FSPA)
Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (AEBA)
Instituto Amazônia Solidária e Sustentável (IAMAS)
Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade do Estado do Pará (MMCC-PA)
Movimento Luta de Classes (MLC)
Associação Sindical Unidos Pra Lutar
Mana-Maní Círculo Aberto de Comunicação, Educação e Cultura
Movimento Hip-Hop da Floresta (MHF/NRP)
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
Instituto Amazônico de Planejamento, Gestão Urbana e Ambiental (IAGUA)
Diretório Central dos Estudantes da UEPA
Partido Comunista Revolucionário (PCR)
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH)
Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Pará (SINTSEP/PA)
Movimento Estudantil Vamos à Luta
Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN)
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU)
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Gestão Ambiental do Estado do Pará (SINDIAMBIENTAL)
Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (SINTRAM)
Vegetarianos em Movimento (VEM)
Assembléia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL)
Associação dos Concursados do Pará (ASCONPA)
Pastorais Sociais Ampliadas da Diocese de Marabá
Associação Indígena Te Mempapytarkate Akrãtikatêjê da Montanha
Movimento Xingu Vivo Para Sempre
Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira Campo e Cidade
Movimento Negro da Transamazônica e Xingu,
Movimento de Mulheres Campo e Cidade Regional Transamazônica e Xingu
Mutirão Pela Cidadania
Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Belém e Ananindeua
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (FONASC-CBH)
Instituto Humanitas – Belém/PA
Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA)
Comitê Xingu Vivo
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