segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O que está acontecendo no céu paraense?

Apesar de todos os esforços para acompanhar a despedida de Alessandro Novelino (estava em Itaituba onde só havia um voô pela manhã) não consegui chegar a tempo.

Alessandro neste momento só posso pedir à Deus o descanso para sua alma (assim como as das duas outras vítimas do acidente). Paz às suas almas. Adeus meu colega.

Eu estava em Itaituba quando fui informado do acidente e posteriormente do falecimento do deputado estadual Alessandro Novelino. Fui eu quem comunicou o triste acontecimento ao vereador santareno Nélio Aguiar.

Na viagem de Itaituba à Santarém conversei longamente com o vereador que assumirá a vaga deixada por Novelino na Alepa. Nélio está perplexo por assumir um mandato diante de um fato trágico.

Bem, externo aqui minhas boas vindas à Nélio Aguiar.

Entretanto para mim (e para muitos também) a pergunta que não quer calar é: COMO É POSSÍVEL TANTOS ACIDENTES DESSA NATUREZA EM TÃO POUCO TEMPO NO CÉU PARAENSE?

Já se contabilizaram tristemente 7 vítimas fatais em acidentes com aeronaves no início de 2012.

Seja por falta de manutenção, por falta de fiscalização (que cabe à Anac), ou ainda outro motivo, é preciso que esta situação seja apurada e que se volte a ter segurança neste meio de transporte.

Nós, como autoridades, não podemos nos calar e devemos cobrar dos responsáveis as causas e o controle desta situação antes que mais vidas sejam ceifadas.



ADEUS A ALESSANDRO NOVELINO

Alessandro Novelino e assessor têm cerimônia conjunta em Ananindeua

Fonte: Jornal Amazônia

Os corpos do deputado estadual Alessandro Novelino (PMN) e de seu assessor, José Augusto dos Santos, foram sepultados por volta das 10h30 de ontem, no cemitério Recanto da Saudade, em Ananindeua. Antes, eles haviam sido velados na Assembleia Legislativa do Estado do Pará, de onde saíram no carro do Corpo de Bombeiros. Parentes e amigos acompanharam o cortejo até o cemitério, prestando as últimas homenagens aos dois, que morreram durante o acidente aéreo ocorrido no último sábado, no município de Acará.

Várias autoridades passaram pela Assembleia, entre elas o vice-governador Helenilson Pontes e o presidente da Casa Manoel Pioneiro, que também seguiu até o cemitério para se despedir do colega de parlamento. No Recanto da Saudade, o corpo de Alessandro foi sepultado ao lado dos irmãos dele, Ubiraci e Uraquitan Novelino. O pai dos três, Ubiratan Novelino, ao chegar ao local, beijou a mão e, em seguida, tocou na foto que estava na sepultura dos outros dois filhos, brutalmente assassinados em 2007. "Com fé em Deus", disse o pai sobre como tem feito para suportar mais esta perda.

Uma das pessoas mais abaladas com a tragédia do último sábado era a mãe biológica do parlamentar, Maria do Socorro Albuquerque, de 55 anos, que mora em Aracaju. "Ele era uma pessoa maravilhosa. Não tem nem como descrever. Tudo o que eu tenho na vida eu agradeço a ele. Lembro da última coisa que ele me disse, que se eu precisasse de um palácio, ele me dava. Era um filho maravilhoso", declarou a mãe, chorando.

Alessandro Novelino tinha 39 anos e era casado com Christianne Penedo Danin. Além de deputado estadual, era pecuarista e empresário, dono da rede de postos Ale. Ele tinha duas filhas, Lyandra, de 15 anos, e Alexia, de 6 anos. Lyandra, bastante emocionada, esteve sempre ao lado do corpo do pai, do velório ao sepultamento.

Amigos e funcionários do deputado estadual também se emocionaram. "O Alessandro era aquele patrão amigo, compreensivo e que não prejudicava ninguém, mesmo sendo prejudicado. Ele sempre perdoava os outros e sempre me ajudava. Para mim, nessa curta passagem dele, ele foi tudo", disse Maria Antônia Santos, de 51 anos, que desde 2000 trabalhava como secretária do parlamentar no posto Ale do Entroncamento.

Assessor - José Augusto dos Santos trabalhava desde 2002 como assessor de Alessandro Novelino e se tornou homem de confiança do parlamentar. "Tudo era com ele. Ele era praticamente o braço direito do Novelino", declarou o filho, Álvaro Cardoso dos Santos, de 20 anos. Casado com Maria Luiza de Lima Cardoso, José Augusto tinha quatro filhos.

Familiares e amigos do assessor também estiveram na Assembleia Legislativa para prestar as últimas homenagens a ele. Sobre o caixão, foram colocadas as bandeiras dos seus times do coração, Clube do Remo e Flamengo. O corpo dele foi velado e sepultado ao lado do corpo do deputado estadual. "Ele era um exemplo de pai. Sabia dizer ‘não’ e ‘sim’ na hora certa", afirmou Álvaro. "Só a fé em Deus mesmo para superar isso. Ele amava o emprego e quando não estava trabalhando gostava muito de viajar para locais como Marudá ou Mosqueiro. Gostava muito de ir para o interior", completou.

Amiga de José Augusto, a comerciante Simone Noronha Mota, de 35 anos, também acompanhou o sepultamento do assessor e vai guardar as lembranças deixadas por ele. "Era uma pessoa maravilhosa, que tinha muito sucesso pela frente e muito querido por todos. Ele era muito alegre", afirmou.

Ainda na Assembleia Legislativa, a missa de corpo presente foi celebrada pelo padre Eloy Wayth. "Certamente é mais um momento difícil na história dessas famílias, em especial do senhor Bira (Ubiratan Novelino). O que a gente precisa é do conforto de Deus nesse momento", declarou.

Após velório, corpo segue para o Amapá

O piloto Roberto Figueiredo, de 48 anos, que também morreu no acidente aéreo do último sábado, teve o corpo velado ontem de manhã na sede do Aero Clube, em Belém. Roberto pilotava o avião bimotor modelo Seneca e prefixo PT-LAB, de propriedade de Novelino. Durante o velório, o presidente do Aero Clube, Paulo Rodrigues, disse que Roberto era um profissional experiente, que possuía 8 mil horas de voo acumuladas em 20 anos de profissão. O corpo seguiu de avião, às 9h30, para ser enterrado em Macapá (AP), onde Roberto nasceu. Consternados, os parentes do piloto, que era casado e tinha uma filha, não conversaram com a imprensa.

Paulo Rodrigues confirmou que Roberto era piloto particular de Alessandro Novelino. Na manhã do acidente, Roberto levava o patrão e o assessor para a fazenda do deputado, no Acará. Paulo disse que Roberto também era diretor do Aero Clube e que há pelo menos dez anos trabalhava como piloto no Estado. "Eu não posso comentar os motivos do acidente, que serão investigados pelo Seripa (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), mas não acredito que a culpa tenha sido do Roberto, que era piloto experiente. Foi um acidente crítico, que a gente não pode chegar a um denominador comum, se foi falha humana ou técnica, mas o tempo estava ruim para voar, nebuloso. Não havia recomendação para não voar, mas, nesses casos, tem que haver cautela", disse.

Paulo Rodrigues destacou que, há dois anos, quando a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tentou fechar a unidade de Belém, houve resistência por parte dos aeroviários. Ele criticou a falta de fiscalização do órgão, localizado ao lado do Aero Clube e também do Aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira, onde operam aeronaves de pequeno porte sob a administração da Infraero.

"A Anac aparece para fiscalizar as aeronaves, as oficinas e as empresas de táxi aéreo uma ou duas vezes no ano. O grande número de acidentes é surpreendente. É preciso uma providência urgente das autoridades", disse. "Em termos de pousos e decolagens de aeronaves de pequeno porte, calculo que seja (o aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira) um dos mais movimentados do Brasil".

Político de santarém assumirá vaga

Com a morte de Alessandro Novelino, quem assume a vaga deixada pelo parlamentar na Assembleia Legislativa é o vereador de Santarém Nélio Aguiar, também do PMN. Nas eleições de 2010, Nélio teve 19.151 votos. Presidente da Assembleia, o deputado estadual Manoel Pioneiro declarou que ao longo da semana a Casa deve prestar homenagens ao parlamentar morto no último sábado.

"Mas nós estamos, ainda, tentando entender muita coisa. O Pará perdeu um grande parceiro. O Alessandro deixou de ser filho só do Bira, para ser filho de vários outros pais do Estado. Deixou de ser irmão só de seus irmãos, para ter vários outros irmãos no Estado. Ele foi um grande parceiro e fez muita coisa pelo Pará. E como empresário estamos perdendo um grande empreendedor, que gerou vários empregos e renda no Estado", enfatizou.

Novelino iniciou sua carreira política há dez anos, pelo PL (Partido Liberal), e estava em seu terceiro mandato como deputado estadual. Nas últimas eleições, já no PMN, foi eleito com 23 mil votos. Ele cogitava a possibilidade de se candidatar à Prefeitura de Belém nas eleições deste ano. "Não é porque ele foi embora, mas eu ainda não vi pessoa igual. Ele agradava das crianças aos mais velhos. É até difícil descrever. Era cheio de planos e queria vir candidato a prefeito", revelou o autônomo Rosivaldo Oliveira, de 40 anos, amigo que convivia há mais de três anos com o parlamentar.

O deputado estadual Raimundo Santos, do PL, lembra o início da carreira política de Novelino. "Em 2002, ele pediu orientação política, porque queria ser candidato. Foi quando se filiou ao PL. Depois, ele foi para outro partido, mas continuamos amigos", disse Raimundo, que também guarda boas lembranças do empresário. "É uma perda prematura de um homem que, na sua juventude, conseguiu fazer muito em tão pouco tempo, tanto como empreendedor quanto como político. Na classe empresarial, ele sempre conseguiu se destacar, gerando emprego e renda para o Estado. Fica seu exemplo de fidelidade à palavra empenhada, de iniciativa e de quem fez muito em tão pouco tempo pela sociedade", declarou.

Anac aguarda relatório preliminar para instaurar processo

A assessora de imprensa do Seripa (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), Andressa Lewek, informou ontem que o órgão está abrindo investigação sobre os fatores que contribuíram para o acidente com o avião bimotor do deputado Alessandro Novelino. Este foi o quarto acidente envolvendo aeronaves de pequeno porte no Pará, este mês. "O objetivo do Seripa não é apontar as causas do acidente, mas elaborar um relatório e emitir recomendações de segurança de voo na aviação civil e também na militar que possam prevenir novos acidentes", explicou. Segundo ela, a investigação deverá ser concluída entre 12 e 18 meses.

A apuração é demorada porque requer a análise cuidadosa de vários fatores, como o tempo, a manutenção da aeronave e possível falha humana. Várias pessoas serão entrevistadas e componentes do avião passarão por análises em laboratórios. Os procedimentos de investigação, análise e recomendações são definidos e padronizados em convenções e resoluções internacionais. Ao final dos trabalhos, será elaborado um relatório, que será publicado no site do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

O site do Cenipa detalha que a investigação da Aeronáutica não visa apontar culpados nem tem implicações judiciais, que são competência da Justiça, do Ministério Público e da polícia. "A investigação de acidente aeronáutico, em todo o mundo, é um procedimento paralelo e independente, realizado por órgão especializado e voltado unicamente para a prevenção de novas ocorrências e melhoria da segurança operacional", define. A convenção afirma que todo procedimento judicial ou administrativo para determinar culpa ou responsabilidade deve ser independente da investigação de acidente aeronáutico.

Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que aguardará o relatório preliminar com as informações coletadas no local do acidente e informadas no plano de voo da aeronave para instaurar um processo administrativo que verificará se o piloto possui habilitação e Certificado de Capacidade Física (CCF) válidos e se a aeronave envolvida no acidente estava com a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) e o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) em dia, bem como se as normas da aviação civil estavam sendo cumpridas. A Anac informou também que, no ano passado, os inspetores lotados em Belém fiscalizaram 343 pilotos e 278 aeronaves na região, que resultaram na notificação de 40 aeronaves, na emissão de 16 de autos de infração para pilotos e empresas e em quatro autos de interdição para aeronaves.

Acidentes aéreos ocorridos este mês no Pará

No dia 8, o avião bimotor modelo King Air, de prefixo PT-OFD, caiu na baía de Guajará, próximo ao píer de Val-de-Cães, com quatro passageiros. Todos sobreviveram. A falta de combustível pode ter provocado o acidente.

No dia 16, o avião bimotor modelo Baron, de prefixo PT-LOU, caiu no município de Cametá, no nordeste do Estado. O avião bateu em árvores e caiu a um quilômetro da cabeceira da pista do aeroporto de Cametá. A aeronave pertencia à Norte Jet Táxi Aéreo e levava malotes de dinheiro a uma agência bancária. Todos os tripulantes morreram: o piloto Carlos Eduardo da Silva Campos, o copiloto Carlos Eduardo Arruda Brocca e os seguranças da empresa Prosegur Antônio Maria da Cunha Costa e Deminedsom Monteiro Barbosa.

No dia 22, o helicóptero de patrulhamento do Grupamento Aéreo do Pará (Graer) fez um pouso forçado num terreno da BR-316, próximo à Alça Viária. Não houve mortos. Os passageiros eram o delegado Éder Mauro, o major Bombeiro Alessandro Zell, que pilotava a aeronave, um médico e uma enfermeira. A aeronave teve uma pane e, em contato com o solo, se despedaçou.

No dia 25, o avião bimotor de modelo Seneca e prefixo PT-LAB caiu no município de Acará, nordeste do Estado. Todas as pessoas que estavam na aeronave morreram: o deputado estadual Alessandro Novelino, o assessor José Augusto dos Santos e o piloto Roberto Figueiredo. As causas do acidente ainda são desconhecidas.

Um comentário:

  1. que o nosso senhor jesus possa confortar o coraçao dessa familia...sempre acompanhei a historia desse guerreiro que serve de exemplo pra muitos...

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