A Santa Casa de Misericórdia do Pará confirmou a morte de mais cinco bebês. Os óbitos ocorreram nos dias 15, 16 e 17, na área de neonatologia. O hospital e garante que não há surto de infecção no setor, mas confirmou que uma das cinco mortes foi provocada por infecção hospitalar.
Segundo a Santa Casa, as demais mortes ocorridos no final de semana foram causadas por fatores como gastrosquise (intestino exposto), prematuridade extrema dos recém-nascidos e hemorragia pulmonar. Na última sexta-feira (14), o hospital confirmou a morte de outros 25 bebês, que morreram em um intervalo de 13 dias. O caso foi denunciado ao Sindicato dos Médicos (Sindmepa) por um funcionário da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Santa Casa. Segundo o secretário de saúde do estado, Hélio Franco, os 25 óbitos ocorreram pelo nascimento prematuro dos bebês, que teriam peso abaixo de 1,2 Kg.
De acordo com o Sindmepa, apesar de o hospital trabalhar com casos de alta complexidade e receber muitos casos de bebês prematuros, as mortes não estão dentro do aceitável. “A média de morte é de dois por dia. O índice é ainda pior do que foi registrado quando ocorreu a crise na Santa Casa do Pará que teve repercussão nacional, em 2008, quando a morte de quase 300 bebês alarmou a todos para as condições deficientes de atendimento no hospital”, alerta João Gouvea, presidente do sindicato. “A Santa Casa tem como missão cuidar de pacientes graves, de alto risco, bebês prematuros. É preciso que o atendimento seja descentralizado. O Ministério da Saúde estabelece uma série de requisitos e a Santa Casa atende a população fora dos padrões”, declarou.
Para o presidente do Sindmepa, as mortes podem ter sido causadas por infecções bacterianas, já que relatórios elaborados em abril pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa revelavam a ocorrência de contaminações no hospital. Ele diz ainda que a falta de estrutura médica e de equipamentos teria contribuído para a disseminação de infecções.
InvestigaçãoO Sindmepa protocolou nesta sexta em diversos órgãos documentos que denunciam a situação da falta de estrutura para o funcionamento adequado da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Os relatórios da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa e as atas das assembleias do Sindmepa foram encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPE), Ministério da Saúde, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além da Sociedade Médico-Cirúrgica.
“Enquanto a apuração do caso ocorre, no entanto, mais bebês continuam morrendo. Não se pode mais esperar. É preciso haver uma ação emergencial. Temos que reunir OAB, Sespa, CRM, sindicato dos trabalhadores da saúde e discutir que medidas devem ser tomadas de imediato para conter os óbitos”, destaca Gouvea.
Alto risco
De acordo com a Santa Casa, cerca de 800 mulheres são internadas por mês no hospital, que é referência no atendimento materno-infantil no estado. Em média, são feitos 600 partos/mês (cerca de 20 partos por dia). Deste universo, mais de 86% são partos de alto risco. Vale informar que em torno de 60% dos recém-nascidos das mulheres atendidas pelo hospital têm baixo-peso (menos de 2.500g). O percentual de mães adolescentes que buscam a Santa Casa é muito alto (acima de 24%).
De acordo com a Santa Casa, cerca de 800 mulheres são internadas por mês no hospital, que é referência no atendimento materno-infantil no estado. Em média, são feitos 600 partos/mês (cerca de 20 partos por dia). Deste universo, mais de 86% são partos de alto risco. Vale informar que em torno de 60% dos recém-nascidos das mulheres atendidas pelo hospital têm baixo-peso (menos de 2.500g). O percentual de mães adolescentes que buscam a Santa Casa é muito alto (acima de 24%).
Segundo o hospital, pacientes vêm de todo o Pará e de outros estados da região Norte, vítimas de uma atenção básica deficiente ou ausente em muitos municípios brasileiros, que em alguns momentos incrementam o número de óbitos perinatais.
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