quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O TCU REJEITOU AS CONTAS DA PRESIDENTA DA REPÚBLICA: E AGORA DILMA?




Resolvemos escrever sobre este assunto, por entender ser importante emitir nossa opinião e assim contribuir com o entendimento dos possíveis desdobramentos desse processo. Vamos falar nesse texto sobre: rejeição das contas da Presidenta Dilma, pelo Tribunal de Contas da União - TCU e desarquivamento, pelo Tribunal Superior Eleitoral –TSE, do processo em que o PSDB, pede a cassação de Dilma e Temer.

Sobre a rejeição das contas pelo TCU

            Como se pôde observar este é um fato quase que inédito, pois na história brasileira, a última vez que o Tribunal de Contas da União rejeitou as contas de um Presidente da República, foi no período de Getúlio Vargas. Em primeira mão pode se criar a ideia de que algo muito grave aconteceu. Isto não é verdade. Em nossa opinião, o que motivou a rejeição foram as seguintes questões:
a)      Na medida em que o governo solicitou a substituição do ministro relator e o adiamento da votação, se criou um espírito corporativo dos integrantes do Tribunal contra o governo;
b)    O TCU, diante do desgaste do governo na opinião pública e do debate sobre corrupção, joga para a plateia, para ficar de bem com a opinião pública;
c)    Ainda tem uma questão mais de fundo nesta decisão do TCU, que é parte de uma engenharia política sintonizada com a oposição, para desgastar ainda mais o governo e criar ambiente, para os golpistas, tanto é que essa decisão foi tomada com as galerias ocupadas pela oposição que pressionou e comemorou esse resultado.

No que pode dar isso?

     A decisão do TCU, não passa de uma recomendação para o Nacional, que pode acatar ou não a decisão do tribunal. Em nossa opinião os argumentos do governo são fortes para se contrapor a deliberação do TCU e dar base legal e política para que o congresso aprove as contas com ressalvas.
            
           Por outro lado, esta deliberação do TCU, pode sim, dar a oposição golpista a motivação legal que precisava para a busca do impeachment. Em se tratando de impeachment, consideramos uma batalha a mais nesta guerra. Reafirmamos o que já dissemos em outros momentos, que em que pese esta aliança da oposição com parte da mídia e parte do judiciário, não se tem ambiente político hegemônico para o impeachment da presidenta Dilma.

Sobre o Processo Eleitoral no TSE

O TSE decidiu, na noite de terça-feira (6/10), com votação de 5x2 em desarquivar uma ação proposta logo após as eleições presidenciais de 2014 que pede a cassação da presidente Dilma Rousseff e do vice Michel Temer.

O PSDB foi o autor da ação. O partido alegou que nas eleições do ano passado, a chapa de DILMA ROUSSEF e Michel Temer cometeu crimes eleitorais, como abuso de poder político e econômico e uso de recursos desviados da Petrobras para campanha.

O ministro Gilmar Mendes, declaradamente contrário ao PT, defendeu a abertura da investigação: “Não se trata de uma condenação prévia, mas é preciso investigar”.

Segundo informações do advogado da coligação dos partidos que venceu a eleição, Flávio Caetano, a decisão foi burocrática e não houve análise do mérito dos argumentos apresentados pela oposição, o que se espera é que isso aconteça rapidamente: “Quando a presidenta e o vice Michel Temer foram diplomados, em 18 de dezembro, o próprio TSE anunciou que não haveria terceiro turno e que as eleições estavam resolvidas, então isso há de prevalecer no julgamento deste processo.

A ação estava arquivada. Em fevereiro, a relatora do caso no TSE, a ministra Maria Thereza de Assis Moura, considerou que o processo não podia seguir em frente por falta de provas. O PSDB apresentou um recurso contra a decisão e, por cinco a favor e dois contra, a ação foi reaberta.

Segundo informações do TSE a reabertura, não significa que o processo terá andamento imediato. Antes, o presidente do TSE, ministro Dias Tóffoli, vai decidir se outras três ações que também pedem a cassação dos mandatos vão ter um único relator. Só depois disso, Dilma, Temer e os partidos da coligação vão poder apresentar a defesa para que o Tribunal julgue se houve ou não alguma irregularidade na campanha. “Quem será o relator ainda será analisado, será estudado”, afirma o Presidente Ministro Toffoli.

Em nossa opinião, este processo caminha para a reafirmação da decisão anterior do TSE, de julgar o mérito como improcedente, pois caso contrário, a corte estaria admitindo seu erro no julgamento anterior. Além do mais, como essa decisão se encerra neste tribunal, ao mudar a decisão anterior o TSE, estaria dando o mandato ao segundo colocado Aécio Neves, contrariando a coligação que elegeu Dilma e Temer.

Entenda Melhor o que são as “Pedadas Fiscais” 

É um nome dado a uma realidade do Tesouro Nacional em atrasar repasses para instituições financeiras públicas (Bando do Brasil, INSS, etc.) e privadas que financiariam despesas do governo, entre eles benefícios sociais e previdenciários, como o Bolsa Família, o abono e seguro desemprego, e os subsídios agrícolas.

            Os beneficiários receberam tudo em dia, porque os bancos assumiram, com recursos próprios, os pagamentos dos programas sociais. Com isso, o Governo registrou, mesmo que temporariamente, um alívio no orçamento. Mas a sua dívida com os bancos cresceu. Essa prática ajuda a fechar as contas de um determinado mês ou até de um ano fiscal, uma vez que joga a conta para o período seguinte.

            Recentemente no julgamento das contas do ano de 2014 da Presidente Dilma, entendeu o TCU que tal prática caracterizou uma operação de crédito porque os bancos fizeram os pagamentos de benefícios aos destinatários, como os segurados da Previdência, e os beneficiários do Bolsa Família, e o governo ainda não pagou tudo aos bancos pois vem fazendo pagamentos com atraso, o que é perfeitamente possível em contratos de prestação de serviços como entende o Governo Federal.

            O Governo Federal, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), do Ministério do Planejamento e do Banco Central, admitiu que os atrasos nos repasses de recursos aconteceram nos últimos anos, mas acrescentou que isso é uma “prática antiga”, e que as “pedaladas fiscais” não representam operações de crédito. Por outro lado, o governo argumenta que as operações têm origem em contrato de prestação de serviços, como se houvesse, por exemplo, atraso no pagamento de um aluguel.

            Em maio, no Congresso Nacional, o Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, admitiu que as chamadas "pedaladas fiscais” atingiram "valores muito excessivos, o que não é prática usual e recomendada". Mas acrescentou que esse procedimento não é ilegal, pois, em sua visão, não constitui empréstimo de bancos públicos para a União.

            A Dilma foi a primeira presidente a fazer as pedaladas?

Não. Segundo a Advocacia Geral da União (AGU), esta prática ocorre desde 2000 desde o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), passando pelos dois mandatos do ex-presidente Lula (PT) e o primeiro de Dilma. 

É importante destacar que esta decisão do TCU teve resquícios de retaliação política ao Governo Federal, haja vista que o Ministro relator Augusto Nardes foi Deputado Federal pelo PP e indicado para o TCU pelo Ex- Deputado José Janene que respondia a diversos processos por corrupção. Outrossim o próprio Ministro relator responde a processos na Polícia Federal no maior esquema de corrupção de sonegação fiscal do País.

Em recente declaração, o ex - Ministro do Supremo Tribunal Federal, Aires Brito defendeu a tese que tal reprovação das contas sequer é capaz de cassar o mandato da Presidente Dilma, pois não pode ser cassada por fatos de outros governos. 

            Em nossa opinião esta reprovação irá ser revista pelo Congresso Nacional, haja vista , que o julgamento das contas é examinado pelos critérios técnicos e de razoabilidade política, o que ensejará numa aprovação das contas com ressalva.

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