Cristiane Capuchinho
Do UOL, em Santarém (PA)
Do UOL, em Santarém (PA)
04h30
Fachada do hotel em que alunos
da Ufopa assistem às aulas e dividem espaço com instituição privada
A Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará)
vive de improviso mesmo três após o decreto de sua criação em novembro de 2009.
Um de seus campi se chama "Boulevard" -- referência ao nome do hotel
em que funciona, o Amazônia Boulevard.
Todos os 1.200 calouros que recebe a cada
vestibular passam pelas 40 salas de aula que funcionam em conjunto com as
atividades hoteleiras do locador, agências de viagem e até uma outra unidade
universitária de uma instituição privada.
Alunos de Federal do Oeste do Pará têm aulas em hotel por falta de salas
Cartaz em prédio da Ufopa
denuncia a falta de laboratórios para os cursos de farmácia e biotecnologia. O
problema só deve ser completamente resolvido em 2017, quando for entregue um
prédio de quatro blocos no campus Tapajós, em Santarém. Até lá, ao menos duas
turmas de alunos já deverão ter se formado Cristiane Capuchinho/UOL
Segundo um relatório da CGU (Controladoria Geral
da União), de julho de 2012, ali estão alugados também 140 m² para biblioteca,
além de um auditório de 1.000 m².
Esse não é o único improviso. No campus Rondon,
antigo espaço da UFPA, um prédio ainda não acabado já tem salas de aulas e laboratórios
ocupados desde janeiro. Ainda sem acabamento e com áreas em construção, as
salas servem à demanda crescente dos estudantes que chegam.
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pesquisa de fungos atrapalha pesquisa de sementes
O problema de espaço para salas de aulas e
laboratórios só deve ser completamente resolvido em 2017, quando deverá estar
pronto um edifício entregue em quatro etapas no campus Tapajós, segundo o
reitor José Seixas Lourenço.
Até 2017, duas turmas de ingressantes já deverão
ter se formado. A construção do edifício ainda não foi iniciada.
Abandonar navio
A falta de estrutura atinge também os professores
que não têm laboratórios para desenvolver suas pesquisas --a pesquisa é um dos
pilares da atuação universitária em conjunto com o ensino e a extensão de
serviços à comunidade.
"Não temos como concorrer de igual para
igual pela verba dos órgãos de fomento. No projeto de pesquisa preciso apontar
qual a infraestrutura que o projeto vai ter e não tenho nada", reclama o
professor Aguinaldo Gomes, da licenciatura em história e geografia.
"A gente mesmo se coloca um prazo para
esperar que a situação melhore, se não, vou embora", comenta Rodrigo
Fadini, professor de ecologia florestal.
"O curso de agronomia tem que
ter prática. Não temos prática, só teoria. Não tem material para experimento,
não tem fazenda, não tem viveiro, é muito difícil fazer campo"
JULIA BATISTA
FERREIRA, aluna do 4º semestre de agronomia
No curso de licenciatura integrada em história e
geografia, dos 15 professores existentes, 6 ou já deixaram ou estão em processo
de saída da instituição.
Os cursos de ciências econômicas e de farmácia
são dois dos que têm sua continuidade ameaçada por falta de professor. Serão
trazidos docentes de outras universidades federais para assumirem aulas nos
próximos semestres, afirma o reitor José Seixas Lourenço, que confirma que as
graduações passarão por uma reavaliação para saber se têm condições de seguirem
ofertando vagas.
Os professores não são os únicos a deixarem vagas
ociosas na Ufopa. Das 290 cadeiras oferecidas anualmente nos cursos de
licenciatura, metade não é preenchida. Um dos bacharelados interdisciplinares
oferecidos pela instituição, o de etnodesenvolvimento, não tem nenhum aluno
matriculado no momento.
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