sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Plebiscito: debate na RBA


Fonte: Diario do Pará

No começo do debate realizado nesta quinta-feira (1º) pela RBATV, os destaques foram os presidentes das frentes a favor e contra a criação do Carajás, deputados João Salame e Zenaldo Coutinho. O debate sobre os números do Fundo de Participação dos Estados (FPE) prevaleceu no início, inclusive, com Zenaldo Coutinho e João Salame se acusando mutuamente de propagação de mentiras. No segundo bloco, Joaquim Lira Maia acusou Celso Sabino da frente contra Tapajós de ter um discurso decorado contra a divisão. Mais uma vez a guerra de números prevaleceu nas acusações entre os debatedores. “Desde o tempo do Barata o PIB do Tapajós é o mesmo”, afirmou Maia.

Porém, Celso Sabino acusou as frentes do sim de só levarem em consideração os estudos do economista contratado por eles e de ignorar os dados que apontam a inviabilidade da criação de novos Estados.

Em seguida, Zenaldo Coutinho se refere à divisão como esquartejamento do Pará e os representantes das frentes do sim usam sucessivas comparações com a criação dos Estados Tocantins e Mato Grosso do Sul, criados, a partir da divisão do Mato Grosso e Goiás.

BASE

João Salame foi o mais enfático no discurso, inclusive, criticando a administração estadual, mesmo sendo aliado e integrante da base governista na Assembleia Legislativa. “Isso é uma vergonha o Estado não ter dinheiro pra pagar o piso salarial dos professores”, criticou e disse que a criação de novos Estados é a solução pra desenvolver os três Estados: Pará, Carajás e Tapajós.

“Não estamos preocupados com tamanho do Pará, estou preocupado com o tamanho dos problemas do Pará”, respondeu Lira Maia aos questionamentos de Celso Sabino. “Eles querem reduzir o Pará a 17% do seu território, tramado por meia dúzia de políticos”, rebateu Sabino. Porém, Maia disse que o discurso dos altos custos da máquina pública dos contrários à divisão é falácia e garantiu que no início do Estado do Tapajós a administração será feita em acampamentos.

O quarto bloco não diferiu dos três primeiros, com ambas as frentes repetindo as mesmas propostas à exaustão. Enquanto as frentes contra a divisão questionavam a toda hora de onde os separatistas tirariam recursos para viabilizar economicamente os Estados; os favoráveis à divisão acusavam os contrários à divisão de não apresentarem propostas concretas para resolver os graves problemas sociais e econômicos do Estado.

SANTARÉM

Sabino afirmou que o povo de Santarém devia estar “achando graça” de Maia. “O que o senhor, que já foi deputado e prefeito fez para melhorar a qualidade de vida do povo de Santarém? Como agora vem querer resolver todos os problemas do povo do Pará?. Na sua réplica, Maia disse que o que estava em debate não era Santarém. Segundo o santareno, “o que o povo quer saber são das propostas do não”. Na tréplica, Sabino afirmou que Maia estava agindo de má fé ao não apontar as fontes de recursos para financiar os novos Estados.

João Salame indagou a Zenaldo Coutinho que propostas tinha para resolver o déficit de policiais no Pará, apresentando a relação policial/habitante em cada município. Coutinho retrucou afirmando que a proposta do sim era “indecente” e que só beneficiaria alguns políticos e empresários, citando ainda a luta pela aprovação da taxa de R$ 6 nos minérios, a mudança da Lei Kandir e a união do povo paraense como propostas para ajudar o Pará.

Na réplica, Salame afirmou que quando a Lei Kandir foi aprovada Fernando Henrique Cardoso era presidente, Almir Gabriel governador e Zenaldo presidente da AL. “Aqui no Pará todos se calaram. Tudo enganação”. Na tréplica Coutinho repetiu todas as propostas anteriores e deixou claro que nunca foi a favor da Lei Kandir.

LINHA

Na sua vez de perguntar, Sabino indagou Maia sobre a linha agressiva dos programas do sim, que colocam o Pará como o pior lugar para se morar e mostravam paraenses sendo estapeados. Lira Maia afirmou que falar a verdade não é desrespeito. “Precisamos ser ousados e criar novos estados para ajudar a resolver os problemas que hoje existem”. Na tréplica Sabino citou o fato dos autores intelectuais do plebiscito serem senadores de outros Estados que respondem a processos no STF. Lira Maia treplicou reafirmando que o não dissemina o medo e não tem propostas.

Em seguida Coutinho indagou a Salame sobre o que achava de Simão Jatene. O deputado disse que sua questão com o governador não era pessoal e que respeitava Jatene, que considerou um homem de qualidades. “Infelizmente nesse plebiscito o governador se posicionou muito mal. Minha relação é de aliado do governo e não de submissão. Não sou puxa-saco”. Na réplica Coutinho disse estar feliz por Salame ter desmentido o teor do programa de TV apresentado na véspera e reconhecido as qualidades do governador. “O marqueteiro vai embora e nós vamos continuar aqui, continuando a construir o Pará”. Ao treplicar, Salame acusou Zenaldo de ter se calado contra a Lei Kandir.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas considerações finais, os representantes de cada uma das frentes acharam ter dado seu recado e esclarecido o eleitor. “Se o Pará for dividido, só quem tem a perder é o povo, que deve lutar contra essa proposta absurda de dividir o Pará”, destacou Celso Sabino. Zenaldo Coutinho disse que todos acompanharam “as propostas falsas e indecentes” dos separatistas que “querem deixar um parazinho para nós”. Coutinho também citou o fato de João Salame ter elogiado o governador “pois foi sempre governo”.

Lira Maia disse representar o desejo do povo tapajônico que há mais de 150 anos luta pela sua emancipação. “Mais de 90% dos santarenos sequer conhece a capital e nossa proposta é para ajudar os pobres e dar mais oportunidade aos governantes para investir nos novos Estados”. João Salame criticou o fato do Não fazer “terrorismo” sem apresentar propostas para melhorar a saúde, educação e segurança. “Você que deu uma oportunidade ao Lula, dê uma oportunidade ao Sim. Tenha coragem e não vai se arrepender”, surpreendeu o deputado do PPS, que faz oposição ao governo Dilma.

Duelo de jingles e bandeiras

Dois grandes trios elétricos animaram os partidários do sim e do não que assistiram ao debate na avenida Almirante Barroso, em frente ao prédio do grupo RBA. Vestidos a caráter, com as cores do sim (verde e amarelo) e do não (vermelho e branco) e portando cartazes e bandeiras, eles travaram uma verdadeira batalha de jingles e bandeiradas. Os candidatos foram recebidos com muitos aplausos.

A metade da pista direita da Almirante Barroso, no sentido São Brás/Entroncamento ficou interditada. A chuva atrapalhou, mas não tirou o ânimo dos militantes, que assistiram a tudo por meio de dois grandes telões instalados na frente e ao lado do prédio, onde os grupos ficaram concentrados.


A cada manifestação dos representantes das frentes contra ou a favor dos estado de Carajás e Tapajós, eles eram aplaudidos ou vaiados. Nos intervalos do debate os ânimos se acirravam, mas a presença da polícia e a turma do deixa disso evitaram qualquer atrito entre os dois lados.

No final do debate, não houve maiores manifestação na saída dos representantes das frentes. O povo gostou.

Um comentário:

  1. Como pôde-se perceber no debate o SIM tem as verdadeiras propostas de mudanças e o NÃO representa a estagnação do Pará, sem perspectivas, sem esperanças, moro em Belém e fiquei triste e achei ridículo quando o Coutinho disse que a melhor solução para o Pará era a união do povo. Que proposta ridícula é essa? O povo precisa é de políticas públicas com novos estados SIM. Eu estava indeciso mas depois do debate optei pelo SIM. Belém vai ficar muito melhor com a administração mais presente. SIM 77

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