sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Literatura em Destaque





Tive a sorte de conhecer, em evento na Academia Altamirense de Letras, o acadêmico Sérgio Martins Pandolfo, filho de gaúcho como eu, que reside no Pará. Na oportunidade, leu o texto abaixo, que achei por bem publicar pois, trás um registro histórico e progressivo da academia literária.

Publico também uma de suas obras denominada “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”.

Leia os dois trabalhos a seguir:

As academias são agremiações de caráter científico, artístico ou literário; sendo sinônimo de intelectualidade nas diversas áreas do conhecimento, podendo ter origem e manutenção institucional ou particular.

Inegavelmente as academias reúnem profissionais nas diversas áreas do conhecimento humano. São verdadeiros celeiros de pessoas competentes, dedicadas em suas atividades e estimuladoras de desenvolvimento e progresso de nossa sociedade.

Entrar para uma academia de letras, seja no nível estadual ou no âmbito nacional é a ambição maior de quantos se dedicam com afinco e com paixão a arte de escrever.

Historicamente a Academia surgiu na Grécia Antiga, com Platão, que em 387 a.C. reuniu um grupo de pensadores da época com diferentes graus de conhecimento, prosseguindo a idéia por vários séculos.

A partir da época renascentista italiana, o espírito acadêmico voltou-se para designas associações de artistas, cientistas, escritores e pensadores com o fim de debater e divulgar seus trabalhos e promover sua representação social.

A mais antiga dessas instituições é a Academia Della Cruiça, fundada na cidade italiana de Florença em 1582, responsável pela edição de um excelente dicionário italiano no ano de 1612.

Em seguida foi criada a Academia Francesa, em 1635 por Carta Régia de Luiz XIII, eu servi de paradigma para todas as demais congêneres que se seguiam no mundo culto da época.

Em Portugal, que nos influenciou durante o processo de colonização e durante o período Imperial brasileiro, pioneiramente deu-se a criação da Academia Real de História, por decreto de D. João V, em 8 de dezembro de 1720. Ao lado da atividade especificamente histórica foi desenvolvida, também uma atividade científica e literária.

Em seguida foi criada a Academia de Ciências de Lisboa, em 1783, dividida em três campos de atividades: as ciências naturais, as ciências exatas e as belas artes.

Em nosso país, a primeira instituição acadêmica foi a Academia Imperial de Medicina, fundada em 1835, na vigência do Império brasileiro, posteriormente denomina “Academia Nacional de Medicina”.

O primeiro silogeu literário em nosso país, surgiu após a República; nos moldes de Academia Francesa, que no dizer de Voltaire, não foram de ordem intelectual e sim de ordem cordial, como no circulo de amigos.

Os requisitos de ordem intelectual vieram depois, no aprimoramento gradativo da corporação, sem perder o sentido de cordialidade que a inspirou. Foi no dia 15 de dezembro de 1896 criada no Rio de Janeiro por um grupo de literatos liderados por Machado de Assis, acompanhado por Joaquim Nabuco e o paraense de Óbidos, José Veríssimo, tendo sua inauguração ocorrida no dia 20 de julho de 1897; recebendo o nome de Academia Brasileira de Letras.

O grupo de 40 integrantes do silogeu era formado por pessoas de idade avançada e outros bem jovens, ao que Joaquim Nabuco explicou a condição de velho e novo, na elegância de suas palavras: “ A academia, como o nobre romano, tem a sua Vila dividida em casa de verão e casa de inverno”.

No Pará a mais antiga Academia foi a Academia Paraense de Letras, fundada em 03 de maio de 1900, em sessão conjunta com o Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Ambas por iniciativa de Domingos Antonio Raiol, “O Barão de Guajará”.

A Academia Paraense Literária Interiorana é bastante jovem. Foi fundada em 27 de março de 1993, na casa do poeta “Antonio Taverna, situada na rua cônego Siqueira Mendes n° 585 no Distrito de Icoaraci, com a presença de Lucinerges Vianna do Couto, seu idealizador; tendo como patrono o grande escritor paraense Delcídio Jurandir”.

A Academia Paraense literária interiorana tem a finalidade de incentivar os literatos interioranos paraenses que não tiveram a oportunidade de mostrar seus trabalhos e congregá-los em todas as áreas de atuação; contribuir para o desenvolvimento artístico-cultural dos municípios paraenses; manter intercambio cultural com as entidades congêneres entre outros.

Seguindo o padrão geral das demais academias, a APLI, como também é denominada, compõem-se de 40 cadeiras, patronímicas de eminentes vultos das letras regionais.

Este silogeu de letras em pouco mais de uma década de existência já tem um expressivo acervo de bons e assinalados serviços prestados em prol da cultura de nossa terra. Objetivando a dar cumprimento aos dispositivos estatutários de incentivo à cultura interiorana vem realizando em comemoração a celebração de seu18° aniversário, uma série de sessões culturais em diversas cidades do interior do Pará; tendo realizado a primeira delas, no dia 09 de abril de P.P., como pleno êxito e expressividade em Igarapé-Mirí, terra natal, do saudoso presidente Eládio Lobato, assim como de vários outros aplianos que ali possuem laços familiares.

Sérgio Martins Pandolfo



Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa


Pra unificar a escrita,

do grande mundo lusófono,

fez-se conveção estrita,

que iguala o expressar isófono.

Brasil, Portugal e outros

assinaram o tratado,

que fará com que aqueloutros

reconheçam acordado.

País de lusa fala

agora escrevem igual

e isso lhes dá mais gala

no contexto mundial.

Pequenas alterações

de como escrever mofernas

que tem modificações

na locação dos grafemas.

Patrick, Willy, Kaká

Já se considera certo:

ipsílon, dáblio e cá

retornam ao alfabeto.

Já não se trema lingüiça,

rege a nova ortografia;

pingar o U só enguiça

a boa caligrafia.

E por mim já estou tranqüilo

quanto ao trema sobre o U;

não é necessário aquilo

pro tremelir qual jambu

Ureia, jibóia, jóia,

sai acento em E e O;

baiúca, feiura – bóia

o sinal do U sem Dó.

Mas continua em Herói

e em tônicas finais

de E e O, como em rói

léo, céu e demais.

E o chapéu de vôo e lêem

agora já não mais tem:

abençôo, crêem, vêem

ficam sem chapéu também.

Mas prossegue em em pôde e pôr,

pra não confundir como pode

nem com a preposição por

e já não nos incomode.

O hífen tem bem mais fácil

a regra do seu emprego;

o termo fica mais grácil

diminuiu o escorrego.

Sendo assim a lusa língua,

das mais faladas do mundo,

cresce em prestigio, não mingua,

esse idioma jucundo.

Sérgio Martins Pandolfo

Um comentário:

  1. Caro deputado Faleiros. Inicialmente agradeço pelo tratamento a mim dispensado (tive a sorte de conhecer...)e saiba que para mim tb. foi muito agradável privar, à mesa, da companhia de um "paraúcho", que não pipa chimarrão, mas se deleita comn um vaso de açaí - coisa boa taí...! Agradeço tb. a reprodução de parte de minha fala na solenidade de posse dos novos "imortais" altamirenses, fato de magna importância para a cultura do município e do Estado, bem como a inserção de minha poesia "Reforma ortográfica", de cunho educativo, no blogue. Grande abraço. Sérgio Martins Pandolfo

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