quinta-feira, 9 de junho de 2011

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Polícia chama vítima de bandido para justificar crime

Clara Roman 9 de junho de 2011 às 9:54h

Na tentativa de abafar críticas em relação à atuação do governo no Pará no combate à criminalidade no campo, a Polícia Civil do estado divulgou nesta quinta-feira 9 que Marcos Gomes da Silva, agricultor assassinado em Eldorado dos Carajás (PA) há exatamente uma semana, era, na verdade, um criminoso morto por vingança. As investigações da polícia apontam que a vítima, na verdade, se chamava João Vieira dos Santos e que sua morte não se relacionava com os conflitos agrários relatados na região.

A descoberta, agora alardeada pela polícia local, foi feita após o delegado desconfiar de que a vítima possuía tatuagens “típicas de presidiários”.

Segundo as apurações policiais, alvo de críticas de movimentos sociais pela demora em resolver os crimes ocorridos na região no último mês, o assentado tem participação em um crime ocorrido em 2001, no Maranhão – quando um homem foi morto a pauladas por um grupo de seis pessoas num acerto de contas.

Gomes da Silva ficou preso até 2003, quando fugiu e passou a trabalhar como agricultor em Carajás, com o nome de Marcos Gomes da Silva em Carajás. A principal suspeita da polícia é que sua morte tenha sido fruto de vingança, por conta de seu crime no Maranhão.

Os executores estavam encapuzados, fato que tornou as investigações mais complexas. Líder e motorista da região levavam Santos, que já havia levado um tiro, para o hospital no momento em que foram emboscados. Os criminosos ordenaram que os acompanhantes fugissem para depois cometer o homicídio.

O corpo foi encontrado no dia seguinte, quando eles voltaram para o local.

Os conflitos agrários no estado entraram no noticiário do Brasil e no mundo depois que os extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo foram assassinados em 24 de maio devido numa aparente emboscada.

O resultado do exame de perícia, divulgado na quarta-feira 8, aponta que o casal foi morto com tiros espingarda caseira e balas de chumbinho.

O retrato falado de dois suspeitos já foi ivulgados com base em relatos de pessoas que viram dois desconhecidos pedindo informações sobre o porto da cidade no lago Tucuruí, que leva ao município vizinho (Itupiranga).

Desde o episódio envolvendo os ambientalistas, o governo do Pará, administrado pelo tucano Simão Jatene desde o começo do ano, tenta minimizar as críticas pela condução das investigações – e também por não garantir a segurança de lideranças ameaçadas.

Na segunda-feira, em um texto que supostamente divulgaria dados da investigação sobre a morte do casal no site do governo foi usado para uma “peça literária” ressaltando as qualidades do secretário de Segurança Pública.

Suspeitos do crime

Nesta quinta-feira, a Polícia Civil do Pará informou que não ainda não divulgou nomes do principal suspeito da morte de José Cláudio e Maria Espírito Santo – como chegou a ser divulgado no dia anterior.

As investigações de fato já apontam pra uma pessoa, mas o nome ainda não pode ser divulgado. A polícia afirma que não tem conhecimento da procedência desses dados.

“Não foi dito em nenhuma entrevista pessoal nem nota coletiva pelo delegado encarregado”, diz o assessor de imprensa. “A gente até estranhou terem falado em fazendeiro, porque não existe nenhuma propriedade grande na região de Nova Ipixuna”, afirma

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