terça-feira, 28 de abril de 2015

A VISÃO DO DEPUTADO AIRTON FALEIRO SOBRE A ATUAL CONJUNTURA BRASILEIRA

Entrega simbólica de 1.032 apartamentos do Programa Minha Casa Minha Vida em Capanema - PA (Março 2015)
Neste final de semana, a imprensa noticiou que a bancada do PSDB, no Congresso Nacional, vai protocolar o pedido de impeachment da presidenta Dilma. Certamente isso faz parte de uma estratégia da oposição em não dar trégua ao governo. No entanto, entre pedir o impeachment e ele vir a acontecer, existe uma longa distância. Diante disso, mantemos nossa análise feita desde o início desse movimento, de que desde então, já não havia ambiente político para o impeachment da presidenta. No entanto, passado esses quatro meses pós-reeleição presidencial, as coisas estão mais nítidas em relação às recentes movimentações populares e à conjuntura política no Brasil. E é justamente sobre isso que vamos tratar neste texto.
Por que o movimento "#VemPraRua" mobilizou tanta gente no dia 15 de março e o mesmo não aconteceu no dia 12 de abril?
De forma resumida podemos afirmar que este movimento está divido em três pensamentos:
ü  os que querem o golpe militar;
ü  os que querem o impeachment da presidenta Dilma e;
ü  os que querem ver o governo "sangrar" .
Os dois lados do movimento #VemPraRua em 15 de Março
Em nossa opinião, a primeira grande mudança na conjuntura política pós-eleição de 2014 foi a alteração na correlação de forças políticas na sociedade. O projeto político liderado pelo PT e seus aliados ao vencer, pela quarta vez consecutiva, as eleições presidenciais, comprovou naquele momento, sua hegemonia na sociedade. Porém perdeu este posto do projeto hegemônico logo no primeiro mês de mandato da presidenta Dilma. Há quem diga que se a presidenta tivesse dedicado um tempo maior para preparar a sociedade e seus aliados, e só depois lançar os ajustes, o desgaste seria menor. Em nosso entendimento, consideramos os seguintes fatores como responsáveis por essa perda:
§  a oposição, mesmo após perder a eleição, saiu mais fortalecida que nos pleitos anteriores, devido ao resultado ter sido muito equilibrado e à polarização de projetos para o País ter sido mais antagônico durante os debates eleitorais;
§  diante da crise financeira internacional, a presidenta Dilma que havia no primeiro mandato assegurado a execução dos ajustes fiscais; anunciou, às pressas, ajustes duros e antipopulares, e logo após ter sido reeleita, surpreendendo o eleitor, os movimentos sociais e, até mesmo, os partidos aliados;
§  junto com os ajustes fiscais, vieram ainda, os aumentos de combustível e das tarifas de energia. Os quais foram muito bem explorados pela oposição, que usou desse fato para instigar a população contra o governo;
§  veio à tona, de forma mais nítida e impactante, os escândalos da Petrobras, onde a mídia brasileira, contrária ao governo e ressentida com a derrota de seu candidato, não hesitou em atribuir tudo ao PT e ao Governo Federal;
§  esses fatores se constituíram como um prato cheio nas mãos da oposição, que se oportunizou para chamar às rua (com apoio da mídia aliada) os insatisfeitos com as medidas governamentais e, em especial, o público inconformado com a derrota do candidato oposicionista;
§  o ajuste fiscal, a elevação das tarifas de energia, o aumento no valor do combustível, somada à ira odiosa de setores da oposição inconformados com a vitória de Dilma e do PT constituiu um ambiente propício para chamar o povo para ir às ruas contra a presidenta. Tudo isso explica o porquê da força da mobilização do dia 15 de março deste ano.
 
A verdade vem para as ruas no dia 12 de Abril
Vamos mencionar agora alguns fatores que atribuímos  serem responsáveis pelo quase fracasso da mobilização do dia 12 de abril:
§  a oposição vendeu um peixe que ainda não havia pescado e, portanto, não pôde entregar. Prometeu para o grande público que se fosse às ruas, tirariam Dilma da presidência da República. Passado o protesto, muito se falou de que não se tinha base legal para o impeachment da presidenta. Na subjetividade muita gente ficou com a ideia de que foi chamada para às ruas sem que lhe falassem a verdade dos fatos;
§  o setor que defendeu um golpe militar ganhou muita força nas ruas. E isso assustou e afastou setores, que até querem a saída da Dilma, mas não concordam com a volta da Ditadura;
§  o último fator, mas não menos importante para a diminuição das pressões contra o governo, foi o contraponto de rua, pois mesmo tendo sido menos numerosas, as mobilizações favoráveis ao governo deram um forte recado: se tiver gente na rua pedindo para que a presidenta saia, também terá para que ela fique. Isso mostrou um sinal positivo, pois o momento político do Brasil é diferente do período Collor, o qual não obteve apoio popular para dizer "não" ao seu impeachment.
Podemos mencionar ainda como os novos acontecimentos vêm diminuindo a força do movimento "#VemPraRua" e da tentativa de impeachment:
§  balanço financeiro da Petrobras, que por um lado mostra o rombo da corrupção, por outro, aponta o fim de um ciclo de crise - onde a estatal volta a ser um bom negócio para os investidores;
§  o anúncio do aumento em 70% da produção de óleo no pré-sal;
§  a manutenção das notas das agências internacionais, assegurando que o Brasil continua sendo um bom país para se investir;
§  uma boa reação do mercado de trabalho, que neste mês, voltou a crescer com maior geração de empregos;
§  a redução de gastos do governo e aumento de captação de reservas, o que sinaliza a capacidade de manutenção de programas sociais e de investimentos.
Do ponto de vista do principal ator (que é o Governo), observamos que de forma cuidadosa, o mesmo reagiu. Passou, então, a esclarecer o ajuste fiscal, dialogou com o Congresso Nacional e se articulou internacionalmente. E o mais importante: ministros, ministras e a própria presidenta saíram do Palácio do Planalto para visitar os estados e dialogar com a sociedade. Por tudo isso, acreditamos que essa atitude protocolar de pedido de impeachment, oriunda da bancada do PSDB, não vai passar de uma tentativa política de desgastar o Governo Federal e de frear a recuperação de sua imagem. Por isso, reafirmamos não acreditar no êxito da solicitação do impeachment.

Dilma e Obama e a retomada da articulação internacional

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