A Matança dos Inocentes: 34 bebês morreram na Santa Casa no mês passado,
diz o PT. Hospital estaria novamente à beira de um colapso.
Fonte: Blog Perereca da vizinha
A
bancada do PT na Assembleia Legislativa requereu providências urgentes
ao Ministério Público em relação à caótica situação da Santa Casa de
Misericórdia do Pará.
Agora em julho, diz o PT, morreram,
comprovadamente, 34 recém-nascidos na Santa Casa. Mas, suspeita-se, esse
número pode chegar, na verdade, a 40.
Nos próximos dias,
portanto, é possível que o PSDB divulgue estatísticas para mostrar a
quantidade de bebês que morreram na Santa Casa, durante a gestão
petista.
Ou seja: nós, o distinto público, podemos ser convidados
a assistir a mais uma eletrizante disputa em torno do troféu “Grande
Herodes”...
E, no entanto, isso em nada impedirá a continuidade
desse verdadeiro “massacre dos inocentes”, que acontece bem diante dos
nossos olhos.
Um massacre pelo qual somos todos responsáveis – Sociedade e Estado.
Afinal, esses bebês são como que “cidadãos marcados para morrer”.
Cidadãos aos quais se nega o básico do básico: o direito à vida.
Se nos dispusermos a fazer um julgamento salomônico, nem tucanos nem petistas conseguiram, ao menos, atenuar essa tragédia.
Simplesmente,
porque não tiveram ou coragem ou capacidade ou decência para intervir
decididamente nas duas grandes raízes dele: a extrema miséria do nosso
povo e a criminosa concentração do Estado na Região Metropolitana de
Belém.
É a miséria extrema que faz com as mães desses bebês vivam uma vida de bicho.
É
a miséria extrema que faz com que essas crianças cheguem à Santa Casa
em condições tais, que mesmo que aquele hospital tivesse recursos
humanos e materiais semelhantes aos da Suécia, ainda assim, elas
morreriam.
É a criminosa concentração do Estado na RMB que faz
com que essas mães tenham de se deslocar para Belém, a partir de Breves
ou de Jacareacanga, em viagens que consomem horas, minutos preciosos
para a sobrevivência desses bebês.
É a miséria extrema, aliada à
criminosa concentração do Estado na RMB, que faz com que as mães desses
bebês não tenham acesso nem mesmo ao pré-natal, que talvez conseguisse
salvar a vida de mais da metade deles.
Sim, porque se não fosse a
miséria, e a ignorância dela decorrente, essas mães estariam batendo na
porta das Vossas Excelências, os prefeitos, a dizer: e aí, maninho,
cadê a Atenção Básica? Cadê o pré-natal?
E se não fosse a desídia
do Estado em relação às demais regiões paraenses, os Governos (Federal e
Estadual) estariam obrigando as prefeituras a se coçar em relação à
Atenção Básica.
Seja colocando-as numa lista negra do atendimento
em Saúde, seja ajudando-as a coordenar a Atenção Básica, e até
destinando mais recursos para isso, se fosse o caso.
Mas tudo continua como dantes no quartel de Abrantes, em se tratando do estado do Pará.
Na
história recente, a Santa Casa viveu um tempo áureo quando foi
administrada por esse pequeno grande homem da Saúde chamado Hélio
Franco.
Embora hoje sitiado e até metendo os pés pelas mãos na Sespa, Hélio Franco realizou um trabalho extraordinário na Santa Casa.
Hélio
conseguiu aliar a mão forte que o administrador público tem de ter num
local como esse, ao traquejo para angariar apoio até mesmo entre as
dondocas que adoram um chazinho beneficente, e que foram fundamentais
para arrecadar recursos, por exemplo, para uma nova UTI.
É aquela
coisa: quadros simplesmente partidários ou parentes de governador não
são capazes de chegar nem ao dedo mindinho de um bom técnico.
Óbvio que Hélio Franco não conseguiu resolver esses problemas radicais.
No entanto, desde que ele saiu da Santa Casa, o que temos visto é o caos.
Um caos que só tende a se agravar, até pelo forte fluxo migratório para o estado do Pará.
Na época do governo de Ana Júlia, os jornais estampavam os corpos, os enterros, as sepulturas desses bebezinhos.
Agora,
com o derrame das verbas de propaganda do Governo é bem possível que
essa cobertura jornalística seja bem mais “comedida”, digamos assim.
A
não ser, é claro, que os problemas da Santa Casa estejam em tais
proporções que nem mesmo os milhões da propaganda já consigam ocultar.
É claro que louvo a iniciativa do PT e espero, como cidadã, que o Ministério Público cumpra o seu papel.
Mas o que eu gostaria de verdade é que cada um de nós interiorizasse isto: somos todos responsáveis.
E
não adianta nada chegarmos diante de Deus, mesmo que sejamos coroinhas
ou crentes ou sei lá o quê, se não tivermos misericórdia nem mesmo por
um bebezinho.
Depende de cada um de nós obrigar o Estado a agir.
Quem foi o “Grande Herodes”, pouco importa.
O importante, de fato, é acabar com essa matança.
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