Ciência e cidadania embarcam no XV IFNOPAP
Duzentas pessoas a bordo do Catamarã Rondônia, subindo o rio Tapajós, a caminho do Baixo Amazonas. Poderia ser uma viagem comum entre Belém e Santarém, se este grupo não reunisse pesquisadores, estudantes e representantes do poder público para visitar e conhecer a Amazônia.
Um grupo tão preocupado com seu destino, quanto absorto pelo caminho a ser percorrido. Na XV edição, o Projeto Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia (IFNOPAP) passa por Alenquer, Óbidos, Monte Alegre, Oriximiná e Santarém entre os dias 13 e 22 de outubro.
A viagem começa hoje, 13 de outubro, no cais da Estação das Docas, na abertura do evento. A programação está voltada para dois eixos temáticos estruturantes: cultura e biodiversidade. Também serão discutidos temas como a Instalação da Hidrelétrica de Belo Monte e a realização do referendo sobre a divisão do Pará. A partir das 10h, eles partem em direção ao oeste do Pará. A volta a Belém está prevista para o dia 22 de outubro.
Serviços e informações para onde só de barco se pode chegar - Os serviços e projetos de extensão que embarcam junto com o IFNOPAP todos os anos incluem orientações jurídicas e palestras com estudantes dos grupos Programa de Educação Tutorial (PET) da UFPA, especialmente os ligados à Farmácia, Biologia, Medicina e Odontologia. No barco, também vão oficinas de dança, artesanato, reaproveitamento de materiais, fotografia e muitas outras de diversas áreas.
Noites inesquecíveis com cinema e música - Este ano, o projeto inova com uma rara programação cultural e artística. À noite, grupos da Escola de Música da UFPA entoarão canções, modinhas do tempo do império resgatadas graças a projetos de pesquisa realizados pela Instituição. Já o Projeto “Curta os curtas no barco” com apresentações de curtas-metragens com temas sobre a Amazônia promete tornar as noites ainda mais interessantes.
“O IFNOPAP é o projeto de pesquisa mais antigo do Instituto de Letras da UFPA e um dos mais antigos da UFPA. Ao longo destes quinze anos, inspirou parcerias e projetos de pesquisa que culminaram numa produção impressionante não apenas de teses, dissertações e monografias, mas também de quatro curtas-metragens sobre as lendas da Amazônia, de quatro CDs e, ainda, 16 livros sobre o projeto que nasceu voltado para as narrativas orais de lendas e mitos da Amazônia, mas, hoje, têm uma dimensão muito maior e interdisciplinar”, conta a professora Socorro Simões, coordenadora do projeto.
Histórico – No final da década de 90, os pesquisadores do IFNOPAP transformaram uma inquietação em projeto. Ao observar que as narrativas, mesmo as coletadas em Belém, se referiam ao interior, decidiram sair da capital. Nas primeiras edições, seminários foram agendados em Santarém e em Oriximiná. “Mas, em 2001, pela primeira vez, saímos do barco para atender as comunidades e, desde aí, não paramos mais. A cada ano, novos serviços são levados junto com o IFNOPAP a lugares de difícil acesso", recorda Socorro Simões.
Encontrar pessoas que mal sabem ler, que não têm documentos ou acesso a informações sobre saúde e higiene é uma realidade dos lugares por onde o Projeto já passou . Esta viagem chocante e humanamente surpreendente nem precisa ir tão longe. "Em visita à região das Ilhas de Belém, tínhamos por objetivo realizar a inclusão digital de um grupo de pessoas que não tem acesso nem à água potável, nem à energia, mas sabem bem o que é esgoto: isso porque recebem todo o esgoto e o lixo da Belém que fica ali a 20 minutos, do outro lado da margem do rio”, conta a coordenadora.
“Com tudo isso, o Projeto extrapolou a proposta inicial da área de linguística e passou a apresentar-se como uma grande ação trans e multidisciplinar e um momento único de interação entre as comunidades, as médias e grandes cidades e os pesquisadores e estudantes do Pará, da Amazônia, do Brasil e mesmo de outros países com a presença de pensadores renomados e referencias em suas áreas que vêm conviver durante dez dias com estudantes e outros pesquisadores num processo único de interação acadêmica”, assegura a professora.
Baixo Amazonas - A cada cidade, um encanto. Santarém, terra do encontro das águas barrentas e verdes e da beleza ímpar de Alter do Chão; e Oriximiná, terra do Círio Noturno dedicado a Santo Antônio, terão visitas programadas. Os viajantes vão conhecer, ainda, as diversas comunidades quilombolas que vivem em Alenquer. Em Óbidos, os pesquisadores irão se hospedar na casa em que viveu Inglês de Souza, um dos maiores escritores paraenses; e, em Monte Alegre, a programação destaca o ambiente em que registros arqueológicos comprovam ser uma das áreas mais antigas de ocupação humana na Amazônia.
Meio Ambiente em questão - A viagem também é de coscientização ambiental. Copos descartáveis, por exemplo, são objetos banidos da XV edição do IFNOPAP. “Ao chegar, cada participante receberá uma caneca com seu nome e terá de cuidar dela durante toda a viagem. Cada copo descartável, se jogado no rio ou no ambiente, demoraria até 52 anos para ser desintegrado e uma pessoa consome, em média, dez destes copos por dia. Com esta atitude, vamos evitar que dois mil copos sejam despejados no meio ambiente, preservando a natureza por aproximadamente 104 mil anos”, calcula a coordenadora.
Serviço
Saiba mais sobre o IFNOPAP e acompanhe a viagem pelo site: http://ifnopap.blogspot.com/
Período: 13 a 22 de outubro de 2011
Embarque e Abertura: 13 de outubro, cais da Estação das Docas, em Belém.
Conheça o projeto no endereço eletrônico: http://www.ufpa.br/ifnopap/
Fonte: UFPA
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