segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Cubanos caem nas graças do povo de Castanhal


A cidade de Castanhal recebeu três médicos cubanos e os distribuiu nos bairros periféricos. A médica responsável pelas consultas no posto do bairro Fonte Boa é Niurica Marin Torres. A cubana de 43 anos está desde o dia 2 de novembro no Pará, mas, antes de começar mais uma experiência em sua vida, a médica teve que passar 26 dias em Brasília estudando a língua portuguesa e as políticas de saúde.

De acordo com a cubana, a medicina é semelhante em todo o mundo, o grande diferencial é a humanização que os médicos cubanos têm com os pacientes. “O paciente, quando procura o médico, quer atenção. Não quer que você mal olhe para ele e depois o descarte mandando embora. Uma simples conversa é melhor do que receitar remédios”, explica a médica com o sotaque arrastado. Niurica Torres é da cidade de Sancti Spiritos, mãe de um filho, e não esconde a emoção ao falar da saudade da família. “É uma etapa que teremos que superar. Foi assim no Haiti após o terremoto, quando fomos para lá. Agora no Brasil temos que superar essa distância”, disse.

Luiza da Silva Lima, 53 anos, foi uma das atendidas pela médica. A dona de casa entrou no consultório e não havia feito os exames de triagens. A médica, sem despachar a paciente para outra hora, fez pessoalmente os exames, verificou a pressão e o peso, em seguida disse: “Parece uma criança, está ótima!”. Essa frase quebrou o gelo entre a paciente e a médica. Dona Luiza conversou por quase 40 minutos e contou dos problemas que sentia nas costas e nas mãos. “Doutora, sinto umas dores no meu corpo, nas mãos e dói quando faço força. Fui ao médico e ele disse que era reumatismo no sangue”, contava a paciente, ao ser interrompida pela médica: “Você fez algum exame?”. A resposta negativa de dona Luiza da Silva trouxe o que muitos brasileiros estão cansados de ver: a falta de atenção com as pessoas.

A médica, por sua vez, pegou nas mãos da paciente, tocou as costas e fez uma espécie de treinamento para certificar do que suspeitava, artrose. Mesmo assim, solicitou um exame. “Senhora, não se preocupe com o dinheiro, marque o exame na recepção pelo SUS e pegue esses medicamentos para melhorar sua saúde”, explicava a médica à paciente, depois de ser informada sobre a necessidade de dona Luiza.

“Quero ficar 3 anos neste belo Estado”

Para a cubana o Brasil tem um ponto muito forte na saúde que são os Agentes Comunitários de Saúde. O serviço feito pelos ACS é fundamental para que os dados do paciente cheguem de forma exata ao médico. “Em Cuba esse serviço de visitar as casas é feito pelos médicos e enfermeiros. Aqui nos temos um trabalho muito bonito e serio feito com os ACS que fazem essa triagem da saúde familiar, é muito bom e deveria facilitar o atendimento”, conta Niurica Torres não escondendo a vontade de visitar pessoalmente os enfermos, em outra ocasião. “Sim, quero visitar!”.

Segundo o Secretário de Saúde de Castanhal, Milton Campos, o intercâmbio dos médicos estrangeiros pode ajudar no relacionamento dos médicos brasileiros com os pacientes. “O médico brasileiro sabe da necessidade de ter um atendimento adequado, por isso ele já chega exigindo no máximo 10 a 15 fichas, não estou querendo generalizar. Já os médicos cubanos vão atendendo de acordo com a demanda, essa é a grande diferença. Em Cuba, a humanização é vista como prioridade e é isso que os médicos brasileiros precisam entender, que é um dom que Deus deu para que eles também salvem vidas e não façam o serviço burocrático”, disse.

Niurica Torres encerrou a entrevista afirmando que adorou o Pará e está tentando se adaptar ao clima quente. “Quero ficar os três anos nesse belo Estado. É um pouco quente, mas estou adorando a receptividade dos paraenses. Quero dar o meu melhor e poder ajudar os companheiro de medicina e as famílias que precisam de atendimento”, concluiu a médica cubana.

Assessoria de Comunicação via Diário do Pará

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