terça-feira, 2 de julho de 2013

Protestos fecham a BR-422 em Tucuruí


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Desde as 6 h da manhã de ontem (1) integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), fecharam a BR- 422, na altura do Km 5 na Vila Sítio Deus é Grande, junto com integrantes da Associação das Populações Organizadas Vítimas das Obras no Rio Tocantins e Adjacências (APOVO) que também fecharam a rodovia no trecho do Km 11, na Vila dos Pescadores no trevo de ligação de Tucuruí, Novo Repartimento e Breu Branco. A movimentação nos dois pontos de interdição é intensa. Tanto os manifestantes ligados ao MAB como a APOVO exigem que o prefeito Sancler Ferreira os receba, para que ele atenda a pauta de reivindicações, bem como, com a direção da Eletronorte para poderem acelerar as ações que estão em discussão com a estatal desde 1992, e que até hoje nunca foram atendidas.
APOVO 
Segundo os coordenadores Ismael e Samuel Pereira, da APOVO, eles reivindicam o cumprimento das condicionantes pela Eletronorte antes da renovação da Licença Ambiental e de Operação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, que vence no próximo dia 6 de julho; encaminhamentos para o início do derrocamento do Pedral do Lourenço e dragagem do rio para a obra da Hidrovia Araguaia-Tocantins; cumprimento das metas da criação do Mosaico do Lago de Tucuruí, que desde 2004 teve recursos disponibilizados de R$ 9,5 milhões, recuros que não chegaram aos ribeirinhos; compensação para quase 400 famílias atingidas pelas obras da Usina de Tucuruí, que viviam unicamente da pesca no pé da barragem, e a execução do Projeto Ipirá para beneficiar essas famílias, que não saiu do papel.
A APOVO exige ainda que seja avaliada e feita a prestação de contas de R$ 39 milhões destinados ao Projeto Proset, para apoio e logística dos expropriados, que não atendeu as seis cooperativas da região.
SEM COMBUSTÍVEL
A manifestação foi engrossada pelos moradores das Ilhas do Lago, dos ribeirinhos e pescadores. Com a denúncia sobre a venda clandestina de combustíveis, os vendedores da área foram presos e fechados os pontos que abasteciam a Vila do Km 11. Eles estão sem abastecimento para os barcos e rabetas, e nem tem óleo diesel para o motor gerador de energia em suas ilhas. Eles exigem do prefeito a instalação de um posto de combustível flutuante.
MAB
O coordenador do MAB, Roquevan Alves, disse que a falta de compromisso do prefeito Sancler Ferreira em atender o movimento e analisar a pauta de reivindicações, que inclusive foi discutida na última sexta-feira (28) com a prefeita em exercício, Henilda Santos gerou o protesto. Roquievan disse que ela também estudou uma planilha para avaliar a redução da tarifa do transporte coletivo de R$ 2,25 para R$ 2,10. Mas no retorno a Tucuruí, o prefeito desautorizou a vice e disse que essa decisão só poderia ser tomada por ele.
Roquevan afirmou que “o MAB não deixou que os ônibus coletivos da cidade passassem pela barreira, com isso, trazendo prejuízo à empresa e obrigando que a passagem seja reduzida pelo prefeito. A rodovia estava fechada apenas para os ônibus de transportes de passageiro da Viação Tucuruí”.
Ontem pela manhã no Sitio Deus é Grande na BR- 422, os veículos estavam passando normalmente, com exceção dos ônibus da Viação Tucuruí. Mas “como até o meio-dia, prazo dado ao prefeito para atender a comissão dos movimentos sociais e do movimento popular Acorda Tucuruí não foi cumprido, a rodovia foi totalmente fechada tanto no Km 5 pelo MAB como no Km 11 pela APOVO”, ressaltou Roquevan.
Prefeito decreta recesso e não atende movimentos 
Após muitas rodadas de negociações, que teve à frente o comandante do Comando de Polícica Rodoviária - CPR IV - coronel PM Barata, foi acordado que tanto os manifestantes do KM 11 como os do Km 5, que a cada uma hora a rodovia era liberada por dez minutos. A medida foi para acalmar os ânimos de muitas pessoas que estavam em viagem e que queriam tentar passar na barreira à força, e criando conflito com os manifestantes..
Segundo informações dos dirigentes de ambas as barricadas, a direção da Eletronorte já havia acenado com uma reunião na tarde de ontem, para estudar os encaminhamentos de ambas as pautas dos dois movimentos em reuniões separadas dos dirigentes da estatal com as lideranças de cada seguimento.
Até o fechamento desta edição o prefeito Sancler Ferreira não havia dado nenhuma atenção ao pleito dos manifestantes, apenas informou que, a partir de hoje, decretou o fechamento da prefeitura de Tucuruí, para atendimento à população até o dia 16 de agosto. Com isso, ele encerra qualquer canal de diálogo democrático e entendimento aos movimentos sociais que protestam. Assim como com a população que também quer a redução imediata do valor da passagem de ônibus urbano e a quebra da concessão da empresa Viação Tucuruí, concedido pela prefeitura por mais 23 anos no período pré-eleitoral. Além, de pedir a nomeação de aprovados em concurso público e a prestação de contas de mais de R$ 56 milhões de royalties. 
“Se o prefeito acha que vai medir força com o povo, ele vai assumir a culpa da cidade ficar sitiada, e os 100 mil habitantes ficarem sem transporte coletivo pelo período que ele endurecer na sua posição retrógada e ditatorial, sabemos que para ele não é preocupante ficar sem passar pela BR- 422, haja vista, ter avião à sua disposição para sair da cidade a hora que quiser” protestaram os manifestantes. “Mas quem paga como sempre o seu desgoverno é o povo, inclusive, sofrendo as consequências pelo único projeto imposto, e que deu certo na sua gestão, que foi o empobrecimento da cidade e de sua população, com isso, tendo os pais e mães de famílias, terem que sair do município em busca das realizações de seus sonhos e a garantia da sobrevivência de seus familiares”, disparou Roquevan.
A redação fez contato com o chefe de gabinete da prefeitura, e não teve nenhum retorno, em função do recesso de 45 dias de férias decretado ontem por Sancler Ferreira.
(Diário do Pará)

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