quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cabanagem em filme


Texto: divulgação


CINEASTA PARAENSE LANÇA FILME SOBRE REVOLUÇÃO CABANA

Depois de escrever e dirigir os longa-metragens Ajuê São Benedito, que trata da temática do trabalho escravo nos seringais da Amazônia, e o Ajuntador de Cacos, retratando a fé e a dedicação do padre Giovanni Gallo, fundador do Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari, no Pará, o cineasta, diretor e roteirista Paulo Miranda lança neste sábado, 30 de julho, no Ginásio Municipal de Barcarena, a partir das 19 horas, o filme O Cônego – Senderos da Cabanagem, da produtora Lux Amazônia.

Paulo Miranda explica que o filme é uma ficção inspirada em fatos históricos e conta a experiência vivida pelo Cônego Batista Campos no período anterior à Revolução Cabana, que teve como desfecho a tomada de Belém em 7 de janeiro de 1835. O Cônego é o primeiro longa-metragem de ficção do cineasta sobre a temática da Revolução Cabana. “Como obra pioneira, não busca abarcar todo o movimento cabano, mas se pauta na trajetória de uma de suas mais influentes lideranças: o Cônego Batista Campos, o homem místico, militante político e intelectual a serviço da gente mais simples do Grão-Pará”, detalha o diretor.

O cineasta diz que embora tenha seu nome emprestado a um dos logradouros mais importantes da capital paraense, a Praça Batista Campos, o religioso ainda é um ilustre desconhecido até mesmo entre os estudantes. “Com o filme O Cônego – Senderos da Cabanagem, a produtora Lux Amazônia e seus parceiros querem contribuir para que este e outros personagens cabanos saiam do esquecimento a que estão relegados. O cinema tem este papel de resgatar a história e trazer à luz dos dias atuais os acontecimentos da Cabanagem”, diz Paulo Miranda.

O Pará aderiu tardiamente à Independência do Brasil em relação à Portugal, proclamada em 1822. Porém, a adesão do Pará à Independência em agosto de 1823 não representou sua emancipação política, mantendo-se inalterado o domínio colonial. O movimento cabano foi uma revolução popular que buscava pôr fim ao jugo do império português.

O diretor afirma que o cinema nacional ganha mais um trabalho com a cara e o sotaque amazônico. “Se antes a luta era por liberdade, autodeterminação política e econômica, hoje assume também uma importância cultural e artística, principalmente num tempo de globalização e otimização dos vários processos e meios de comunicação”, diz.

De acordo com dados do livro Memorial da Cabanagem, do historiador paraense Vicente Salles, que analisa a Revolução Cabana, um dos marcos fundamentais do período é o debate sobre as idéias republicanas em contraponto com os interesses imperiais da Coroa Portuguesa. Em sua obra, o historiador esboça a história do pensamento político-revolucionário do Grão-Pará. “Em tese, este é o pensamento das classes oprimidas, que se exprime principalmente no esforço de sacudir o jugo infamante. Reflete, entre nós, a luta pela cidadania em que tanto se empenharam índios e negros, solidários nas mesmas vicissitudes pela condição de servos e escravos, na sociedade modelada pelo colonizador europeu que a eles se opunha”, argumenta Vicente Salles.

O historiador acentua que “em toda a parte as relações entre dominadores e dominados suscitaram reflexões e, por vezes, pronunciamentos vigorosos dos humanistas, casta de indivíduos que consideram o Homem a principal peça da história. Também, aqui na Amazônia, ecoaram as vozes dos humanistas, dos que aspiram melhor e mais justa organização da sociedade”, acentua.

O Cônego - Senderos da Cabanagem foi realizado pela Lux Amazônia Filmes com o patrocínio da Prefeitura Municipal de Barcarena e é fruto do projeto Filma Pará. A ação cultural integrou o poder público municipal, o empresariado e a comunidade local para viabilizar a obra cinematográfica genuinamente paraense. “Dar voz e articular coletivamente a ação interpretativa junto com a comunidade foram fatores inclusivos em todo o período da filmagem”, diz Paulo Miranda.

O projeto envolveu 30 técnicos e produtores e aproximadamente 60 atores, todos selecionados e capacitados pelo coletivo da Lux Amazônia no próprio município de Barcarena. A direção de fotografia é de Sandro Miranda. A direção de Arte é de Raimundo Matos e Sandro Miranda. A direção de Produção foi feita por Ane Viana e Eliene Ribeiro. A produção Executiva ficou a cargo de Minorose Batista, Wellington Lucas e Rutinéa Miranda.

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