quarta-feira, 4 de maio de 2011

A VOLTA DO DELÚBIO

Depois de algumas cobranças de que estava omisso no debate sobre a volta de Delúbio Soares para o PT, resolvi manifestar meu entendimento.

Muita gente se pergunta por que o PT resolveu pagar o preço do desgaste político em aceitar a volta de Delúbio para o quadro de filiados do partido. Não devemos ver o retorno de Delúbio como um fato isolado e sim como parte da estratégia do PT de combate as acusações da prática do mensalão.

Vem ai o julgamento de várias lideranças petistas na justiça, e por sua vez, o julgamento pela opinião pública, sobre as acusações de terem praticado arrecadações para pagamento mensal de parlamentares no Congresso para votarem favorável ao governo.

Por falar em preço, ninguém mais do que o PT sabe quanto lhe custou caro essa acusação do mensalão. Por mais que a tese do partido seja vitoriosa na justiça, de que, o que houve, foi sim, um erro político, um crime eleitoral, em praticar arrecadações ilegais para as campanhas políticas, e que o mensalão foi uma invenção da oposição, o estrago na opinião publica já foi feito. Pois a acusação foi muito bem trabalhada pelos adversários ao ponto de manchar a história do PT.

Penso que a cúpula petista tem plena convicção do que está fazendo. Vai assumir o erro da arrecadação ilegal para as campanhas eleitorais e buscar provar que não houve a prática do mensalão. Com base nesta convicção, ganhou forças sim, a tese do perdão e da justiça. Justiça com Delúbio, pois se as outras lideranças petistas que também cometeram o mesmo erro, só que em menor proporção, podem ser perdoadas e defendidas, por que Delúbio não ? Por essa ótica, é de se compreender que na função de tesoureiro do partido ele tenha praticado em maior escala o crime eleitoral.

A mesma coisa se aplica para a tese do perdão. Se essas lideranças já assumiram, junto ao partido, que erraram e pediram desculpas, por que não perdoá-las ? Se isso vale para outras lideranças, vale também para o Delúbio.

Penso ainda que o PT, ao mesmo tempo que vai acumular mais desgastes com a defesa de suas lideranças, vai aproveitar o momento do debate da reforma política para mostrar que a prática da arrecadação ilegal é um problema existente em outros partidos e que esse é um mal que deve ser cortado pela raiz, aprovando na referida reforma política o financiamento público de campanha.

Considero esse o melhor momento para o PT tratar desses assuntos. Seria muito mais desgastante cuidar de suas feridas num ano eleitoral. Para o PT não pode haver meio termo, ou perdoa e defende suas lideranças que praticaram tais erros ou então as condena definitivamente e indiscriminadamente.

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