terça-feira, 11 de setembro de 2012

Empréstimos: O que está em debate é como aplicar melhor e corretamente os recursos emprestados pelo governo federal


  Exmo Sr Presidente, Senhores Deputados Senhoras Deputadas,

Não estamos aqui debatendo qualquer coisa. Trata-se da maior solicitação de autorização de empréstimos da história do Executivo paraense.

Em uma reunião, com a presença de seis secretários estaduais falei e para ser coerente, vou repetir nesse plenário: ou os assessores instruíram mal o governador Simão Jatene ou o governador partilhou com a idéia de um discurso não verdadeiro aqui nesta Casa, quando da sua mensagem no início de seu governo. Nesta ocasião, Jatene disse que recebia o Estado da gestão petista sem condições de endividamento e pagamento. Ora, se isso fosse verdade não estaria aqui o governo estadual pedindo autorização de empréstimo da ordem de quase R$ 2 bilhões de reais. Nesta ocasião, governador faltou com a verdade à Assembléia Legislativa e ao povo do Pará.

Um dos componentes a ser aprofundado no debate da autorização do empréstimo, é exatamente a capacidade de endividamento e pagamento dos empréstimos ora em debate. A maior parte dos recursos destes empréstimos está voltada para obras que vão gerar novos custos ao Estado e, portanto, não pode ser considerado um investimento que tenha retorno para os cofres públicos. Por outro lado, é de conhecimento público que o orçamento de nosso Estado é pífio diante das necessidades do povo. Então eu pergunto: a melhor solução é nos agarrarmos a empréstimos a toda vezes ou encontrarmos mecanismos de aumentar a nossa arrecadação que também é pífia?

Outra questão a se ressaltar nesse debate é que estes empréstimos estão vindo a partir da disponibilidade de recursos do governo federal, por meio do BNDES e Banco do Brasil. Para trocar em miúdos, estes empréstimos estão sendo disponibilizados pelo governo do PT do Brasil ao governo do PSDB do Pará, o qual é adversário político.

Nós da bancada do PT, analisamos, profundamente esses projetos. Caminhamos para votar favorável à tomada de empréstimos. Mas devo dizer que também será objeto de debate no plenário. Nós nos ressentimos da forma irresponsável como foi tratado na gestão petista no estado, o projeto do 366. Mas nós não vamos agir da mesma forma, digo que o conjunto dos empréstimos do jeito que está não terá nosso apoio. Só votaremos favorável se houver correções e ajustes.

Primeiro não podemos autorizar um projeto com um artigo que dê flexibilidade para remanejamento de 25% das obras, sem autorização da Assembléia Legislativa. Isso é dar carta branca ao executivo. Do jeito que está não terá apoio da bancada, ele precisa ser corrigido.

Outro ponto a ser corrigido nos projetos, é a seleção das obras a serem financiadas. Quero mencionar aqui alguns exemplos da má destinação proposta nesse projeto. Nas regiões Tapajós e Xingu há menos que 50 km de pavimentação asfáltica em malha viária estadual, ou seja, apenas a rodovia, Ernesto Acioli, que liga Altamira a Vitória do Xingu foi asfaltada (é bom que se diga que o asfalto foi todo refeito no governo do PT na gestão passada).  Neste projeto não está destinado um real para pavimentação ou recuperação nestas duas regiões. 

Estou entrando com uma emenda ao projeto para que se retire recursos previstos para Alça Viária e se transfira para a pavimentação da PA 370 que liga o município de Medicilândia a Santarém, interligando com a Santarém Curuá-Una, já pavimentada até a hidrelétrica (Mais uma vez ressalto, que essa pavimentação também foi toda refeita no governo do PT, na gestão passada), aproximadamente 70 km. Uma obra como essa, contribuirá muito para integrar dois grandes pólos produtivos, Xingu e Baixo Amazonas, encurtando em 200 km a distancia de Altamira para Santarém. 

Porque eu estou propondo a retirada de recurso da alça viária? a alça viária deve ser mantida com o recurso do próprio orçamento do estado e não com recurso de empréstimo, esse deve ser destinado  para novas obras estruturantes no estado. E por falar em alça viária, o que eu observo é que essa obra é como uma camisa que teve o primeiro botão abotoado errado continua torta até hoje. Todo ano a alça viária consome grande volume de recurso, é considerada um sumidouro de recurso público, e é por isso que não se faz asfaltamento em outras regiões do estado.

A bancada vai trabalhar de forma séria e responsável a apreciação desses projetos. Não podemos aprovar de forma atropelada esses empréstimos, senão sofreremos a pressão política das nossas bases.

Afirmo que temos muito que discutir e queremos ser ouvidos. O que queremos é uma distribuição de recursos mais equilibrada. E para isso nossa bancada vai apresentar um conjunto de emendas para democratizar a aplicação desses empréstimos. A forma como está, 100% dos recursos para abastecimento de água, são destinados apenas para Belém, estamos propondo que se faça justiça destinado 50% desse montante para Belém e os outros 50% para os demais municípios  do estado do Pará. Na educação, estamos apresentando emendas, para contemplar todas as regiões do estado com a construção de Escolas de Ensino Médio. 

Feito essas correções e ajustes a bancada está disposta a votar favorável a autorização dos empréstimos. O que está em debate aqui, não é uma briga de oposição contra situação e sim, como aplicar melhor e corretamente os recursos emprestados pelo governo federal.

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